nenos 12/01/2024
Rico é aquele que se contenta com o que tem
São igualmente taxados como capitalistas exploradores, os detentores de toda arrogância e soberba, ou profetas de seus tempos, conceito resumido nas palavras da Sra. Alice Schroeder em seu livro “Warren Buffett e o negócio da vida”: Buffett repetia constantemente – quase sem modificar as palavras – as ideias que o haviam tornado famoso: a margem de segurança, o círculo de competência, os caprichos do Sr. Mercado. As pessoas achavam, por causa da maneira como ele pesava cada sílaba que saía de sua boca, que ele se via acima das críticas. Acontece que algumas figuras desse patamar financeiro subvertem a convenção social, esse livro é sobre uma dessas figuras.
Devido a minha complacência, acreditei fielmente em ter atingido um platô teórico no que se trata sobre as medidas do Sr. Mercado. Ignorei que esses princípios e medidas quantitativas, por mais lógicos e objetivos que se revelam, se tratam somente de balizadores, ou seja, são como a jurisprudência, a hermenêutica e precedentes são para leis, onde a coexistência harmônica se dá quando os casos passam pelo direito, mas não somente pelo direito. Digo sobre a famosa prática, exercida pelo maior investidor Pessoa Física do Brasil, o carismático Sr. Luiz Barsi Filho que também é economista, advogado e consultor.
Quando falo sobre precedentes, digo sobre meu desconhecimento, sobre quão estrondosamente exponente se deu a valorização de cada empresa investida por Sr. Barsi, tanto como a identificação de oportunidades, sempre ao longo prazo, para com as empresas que possuíam um potencial de expansão/reestruturação alto, ou foco em gigantes consolidados, já habitando os mais altos platôs, mas que possuíam uma boa administração. Isso requer um olhar clínico sobre o funcionamento de negócios, uma gestão ativa, longe do que é óbvio e que diz respeito sobre uma racionalidade, sagacidade e vigilância tremenda, ainda mais quando se trata do mercado financeiro.
Biografias e autobiografias que considero magnânimas como essa do Sr. Barsi, dizem sobre um ser humano apaixonado e humilde, onde o desenrolar de sua história com cada dificuldade vencida são a parte mais interessante e relacionável para refletir sobre valores, onde o sucesso, além da sua razão não ser atribuída a um acontecimento isolado, não é algo óbvio como um projeto que se escreve de maneira calculada e tranquila. Além de seus insights serenos sobre o mercado, não percebo egoísmo em suas escritas e maneiras retratadas, e ao invés do senso comum, ele valoriza e ensina sobre coisas que o dinheiro não compra.
Seria igualmente simplista e desonroso tentar resumir o segredo do sucesso conquistado pelo Sr. Barsi, que vai além de fatores biopsicossociais e momentos da história, grandeza essa que atribuo às escritas de Albert Camus como: a surpreendente grandeza do espírito humano. Seria ainda mesquinhez da minha parte falar somente sobre sucesso material e pirâmide social, sendo seus hábitos comuns e a disseminação de conhecimento exemplos de humildade e generosidade. Sua história também é um bom exemplo para elucidar a frugalidade das coisas, e como nos curvamos, por vezes, diante dos acontecimentos como os que viveu com seus 83 anos na República do Brasil.
Sua filosofia de investimentos, ou melhor, “o jeito Barsi” de investir consiste em alguns macetes, pontos de atenção, setores recomendados, mas com um ponto principal: comprar empresas ao invés de ações. Ele encoraja que a geração de riqueza também acontece através das empresas e do trabalho de tantos brasileiros, entidades das quais são investimentos “seguros” por terem suas vidas expostas, com sede física, balanços anuais, compromissos auditáveis, são escrutinadas com as menores suspeitas de irregularidade, empregam pessoas, geram renda e pagam dividendos, que correspondem ao fluxo de caixa.
Ao invés de Valuations super complexos ou números do instável Sr. Mercado, Sr. Barsi encoraja que o olhar técnico e analítico vá além de balanços financeiros, onde o acionista minoritário deve pensar como um pequeno dono. Um dono não venderia ações de sua empresa só porque está mal, mas um dono também deve captar as entrelinhas como a tensão no ar de seus colaboradores, alinhar seus interesses e serem profetas de seus estatutos, desenvolver uma gestão ativa para com projetos, ter compreensão para se reestruturar quando necessário e outros mil fatores operantes que existem além da cotação, e que devem ser analisados antes da compra.
Vale salientar que a criação de riqueza conta com a inflação e a ausência de um verdadeiro plano econômico como antagonista. Renda fixa, além de ser um mecanismo para reposição de patrimônio, é alvo de sequestros como o bloqueio Collor em 1990; E viabilizar uma carteira previdenciária através de ações consiste na avaliação de empresas, compra e retenção visando o longo prazo, entendimento dos mais variados mecanismos do mercado como desdobramentos, reinvestimento de dividendos, paciência e por último, mas não menos importante: lembrar que empresas pagam dividendos de acordo com a quantidade de ações que possui, não pelo valor dos papéis.
Link para meus highlights: https://drive.google.com/file/d/1UtfakkTABu0kq_9dtthzg46RJr3IgTX1/view?usp=sharing