JoiceAlfonso 08/07/2020"Eu não sei como sair daqui. Eu quero me sentir bem." Jonas está estacionado na própria vida, sem saber o que quer fazer ou até mesmo quem quer ser, divide seus dias entre o trabalho no Rocket Café e tentar manter a sanidade perante o conservadorismo de seus pais. Ele gostaria de ser escritor, mas nunca fez mais do que anotar as diversas ideias de histórias que tem em um caderninho (sempre guardado no bolso de trás da calça).
Eis que um dia, no trabalho, ele fica encantado por um cliente de barba ruiva que se torna a inspiração para sua mais nova história, mas desta vez realmente começa a desenvolver essa ideia. Certo tempo depois, com a volta do “barba ruiva” que se chama Arthur, a vida de Jonas passa a ganhar mais nuances, mas também intensifica questionamentos sobre ele próprio e a difícil relação que tem com os pais.
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Neste segundo livro do Vitor Martins somos apresentados a uma trama que permeia e se aprofunda mais nos assuntos a que se propõe, trazendo uma carga maior. Aqui, questões como fé e religiosidade são tratadas com muita certeza quando o ponto é o palco para preconceito assim como o medo institucionalizado. Mas, principalmente, onde as relações familiares são complexas mesmo que conhecidas como tradicionais.
"No fim das contas, acho que só aprendi a ter medo de Deus. A religião me afastou muito mais do que me aproximou Dele."
Com momentos de descobertas e libertações emocionantes, a trama corre fluida, ainda que o início seja mais parado (propositalmente, uma vez que a vida do protagonista também está estagnada). A verdade é que o leitor é levado a sentir na pele os anseios de Jonas, com as dúvidas de um jovem que não sabe quais rumos tomar e ainda por cima teme ser quem realmente é.
"O contraste de como eu me sinto dentro e fora de casa fica cada vez mais evidente. É cansativo viver nessa montanha russa que sobe e desce o tempo inteiro. Eu não aguento mais. Quero andar em linha reta, na montanha-russa mais sem graça de todos os tempos. Ou melhor, quero descer desse brinquedo. Eu não sei como sair daqui. Eu quero me sentir bem."
"Nem sempre a família que nasce com a gente vai nos entender. Nem sempre eles vão ficar do nosso lado pra sempre. Mas isso nunca vai te impedir de escolher uma família nova."
Este livro é, sobretudo, uma mostra de como família e amizades devem realmente ser. É sobre o poder que as histórias têm e que, mesmo não parecendo, todos temos guardados dentro de nós um milhão de finais felizes.
"E os finais felizes que a gente tanto quer são apenas o começo."
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