Jow 22/03/2013As primeiras palavras do gênio Zafón."Only if for a night
And the only solution was to stand and fight
And my body was loose and I was set alight
But she came over me like some holy rite
And although I was burning
You're the only light
Only if for a night"
Only if for a night - Florence and The Machine
Tem dias que me pego pensando em como o Criador foi generoso com alguns seres humanos. Todos nós temos um dom inerente ao nosso ser, pena que nem todos possuem a capacidade de exercitar e desenvolvê-lo. Eu, que tanto gosto de ler, queria (e quero!) ser escritor. Acredito que toda pessoa que lê, possui dentro de si o sonho de ser escritor; Imaginar uma história, criar personagens, desenvolver um mundo, expandir a narrativa, explorar idéias, explicitar ideais, conquistar o leitor.
Em “O Príncipe da Névoa”, Carlos Ruiz Zafón mostra toda a capacidade que o Criador lhe concedeu. Mesmo sendo esse o seu primeiro livro a ser publicado em terras espanholas, no ano de 1993, Zafón já dava os primeiros passos que o fariam se firmar como um dos melhores contadores de história de seu país. É mágico poder apreciar a primeira obra do autor que me conquistou “A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo.
Desde o início Záfon declara com todas as letras possíveis que veio para ficar, que deseja marcar presença com a sua narrativa que sempre carrega ares de mistério e aventura; que jovens pré-adolescentes se transformarão em heróis e detetives ao mesmo tempo em que descobrem os seus medos, suas limitações e os seus amores.
Aqui, somos apresentados ao garoto Max, que após se mudar com toda a sua família para um pequeno vilarejo, se faz residente numa casa perto da praia que é carregada de lembranças e mistérios, que devem ser desvendados pelo amigo Roland, pela irmã Alicia e pelo próprio Max. Záfon novamente constrói com suas palavras uma trama envolvente. Sua narrativa parece mágica, e a atmosfera por ele criada, nos desperta uma gama de sentimentos: Mistério, e um leve toque de terror, aliados a um pouco de drama, com pinceladas de aventura. Tudo isso para nos apresentar um quadro magnífico. É assim que vejo sua história. O autor consegue transmitir em sua trama, uma opressão e um horror sutil, mas notoriamente marcante e presente durante todo o livro.
O que falta ao livro, para chegar no mesmo nível de “A Sombra do Vento”, ou mesmo de “Marina”, o mais bem acabado dos romances iniciais de Zafón, é uma amarração dos fatos de forma menos apressada. A sensação é de que, iniciante, Zafón ainda se deixava levar pelo fluxo narrativo, de roldão, (sem aquela maturidade que o consagrou em seus romances mais recentes) para domar a história e conduzi-la de modo intenso, porém coerente, bem alinhavada e costurada.
Mas, algo totalmente perdoado por ser o seu livro de estréia, e por ser um livro que merece ser revisitado inúmeras vezes, sempre que possível.