Nay C 17/01/2021
Coração a mil
O sexto volume de Outlander é muito empolgante, tem romance, drama, aventura, política, momentos engraçados, você ri, sofre, se apaixona, se surpreende, tudo num livro só. A história focou muito em juramentos, lealdade, ideais e princípios, em relacionamentos amorosos, familiares, de amizade e políticos. Quanto estamos dispostos a fazer para salvar a quem amamos?
Desde o volume anterior a independência dos EUA vem sendo fermentada, aqui os ânimos ficam cada vez mais a flor da pele, os conflitos aumentam, e não só na Carolina do Norte. A hora de Jamie e Claire decidir por um lado chega, mas escolher o lado vencedor não garante a sobrevivência. Acompanhar a trama política, as artimanhas, dúvidas sobre onde está a lealdade dos personagens é muito legal, só senti falta de lutas físicas sobre a independência, muito foi pautado no contexto político, mas a parte das lutas achei fraca.
Claire passa por muita coisa nesse livro e me impressiona o ímpeto que ela tem em ajudar e salvar vidas, como se ela precisasse cuidar dos doentes e feridos, é algo intrínseco a ela. Nos livros anteriores a vocação dela pela medicina foi abordada, mas só aqui consegui enxergar isso mais a fundo, a verdadeira medicina por amor, que pode ser tanto uma benção quanto uma maldição, porque mesmo sem querer, seus atos a acabam condenando. Gostei de ver mais explorado os traumas de Jamie decorridos da batalha de Culloden, o medo estampado, o assunto evitado por ele, e como isso é importante para a decisão de sua participação na guerra nesse livro. A relação entre Claire e Jamie enfrenta novos obstáculos, mas continua apaixonante, compreensiva e com total devoção dos dois lados.
Brianna e Roger continuam em destaque e uma pergunta paira o livro todo: Brianna apoia Roger em todas as decisões que ele toma, mas será que ele está disposto a apoiá-la de verdade, não só da boca para fora? Vejo que Bree não nasceu para viver nessa época, usa suas invenções para melhorar a qualidade de vida, mas por ser mulher muitos a subestimam, e pelas conversas que ela tem, fica claro o quanto Bree sente saudade da época na qual nasceu. Roger é um homem do futuro, a violência da época deixa marcas maiores nele, pois uma coisa é ser historiador, outra é vivenciar a história que tanto estudou. Roger é tão complexo porque comete erros tão reais, age por impulso e por vocação. Tem hora que eu quero bater nele, por negligenciar Brianna, por agir de modo retrógrado, mas tem hora que ele me encanta, com seu amor pela esposa, por querer ajudar o próximo, por sua bondade.
Diana Gabaldon é muito esperta com as palavras, toda colocação, por menor que seja, na hora certa faz sentido, amarra a trama e abre novas possibilidades, isso é algo que me encanta na série, as pequenas coisas têm seu propósito e é incrível quando percebemos.