Bruna Fernández 16/09/2011Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.brAposto que a maioria de vocês que leram a enorme (olha o exagero!) sinopse acima tiveram a mesma impressão que eu tive ao ler a mesma: "pra quê eu vou ler um livro que já me conta, de cara, praticamente o enredo todo?" Pois acreditem, essa descrição toda é um resumo
realmente superficial da obra se compararmos ao enredo completo do livro!
Esse foi o primeiro livro do Christopher Reich que eu li. Ainda não conhecia o trabalho do autor e a forma como o Reich teceu todo o esquema da trama, para mim, foi simplesmente geniais. Sou fissurada por thrillers e o enredo de Reich, somado a uma escrita direta e intrigante, me pegou de jeito: A Farsa é um "daqueles livros" que você devora do começo ao fim e não tem vontade de largar nem na hora da janta.
A estrutura da narrativa é diferente dos livros convencionais e vai mostrando ao leitor diferentes personagens em diferentes ações e cenários ao longo do texto, sempre intercalando-os. É um pouco confuso no começo da leitura você se lembrar quem é quem - existe uma quantidade considerável de personagens secundárias que são bem recorrentes - e associar onde e a quem lealdade de cada um desses personagens reside. Confesso que mesmo bem perto do final do livro eu tive que parar e voltar algumas páginas para me relembrar quem era "tal" personagem.
Ao longo da história, as intenções desses personagens vão se relevando, suas motivações são reveladas e descobrimos também como e por quem eles estão conectados... daí pra frente é uma "bofetada" atrás da outra na cara do leitor que vai se surpreendendo (algumas vezes mais, outras bem menos) a cada virada de página. O livro é dividido em pequenos capítulos que deixam quase sempre um mistério no ar em seus finais, ou ainda, uma frase curta e relevadora, passando imediatamente para outro cenário, com outros personagens, aguçando cada vez mais a curiosidade do leitor.
Um detalhe que realmente me impressinou nesse livro foi o fato de não existir um desnível no ritmo da escrita/leitura. A história já começa de maneira frenética, com perseguições e escapadas e esse ritmo continua até a última página do livro. Com apenas 10 páginas para terminar o livro, eu não conseguia entender como o autor iria conseguir terminar a história de forma satisfatória em tantas poucas páginas, pois o ritmo não diminuia nunca, adrenalina pura! Ouso a dizer que o autor deixa o clímax para a penúltima página, deixando apenas um pequeno capítulo e o epílogo (com a reviravolta final!) para o desfecho da história.
Gostei muito do personagem do médico Jonathan Ramson e realmente acho difícil o leitor não sentir empatia pelo personagem. Qualquer pessoa em sua posição que descobrisse que seu parceiro não era quem ele realmente dizia ser, acredito eu, faria de tudo para descobrir quem era realmente essa pessoa. Eu iria querer descobrir se fora realmente tudo uma farsa e no que a pessoa estava envolvida para se usar de tantas mentiras. Fora que o autor traçou Jonathan de uma forma muito interesante: ele é muito inteligente, tem uma certa malícia, tem a frieza necessária em certos momentos - talvez pelo fato de ser um cirurgião que já trabalhou muito em condições bem precárias - sem perder a sua boa índole de "mocinho", reich não fez personagem moldado no clichê da vítima vulnerável e isso só acrescentou mais à narrativa.
Outros dois personagens que me agradaram muito e merecem um rápido destaque nessa resenha são O Fantasma e Marcus von Daniken. Não posso revelar muito sobre o primeiro, fora o fato de que ele é um assassino altamente treinado e muito excêntrico, qualquer vírgula a mais, vira spoiler. Vocês terão que ler o livro para saber mais sobre essa figura sombria. Já Daniken, trabalha na polícia Suíça e é quem está liderando a investigação e a caçada pela cabeça de Jonathan Ramson.
O livro tem todo um pano de fundo muito bem elaborado sobre terrorismo, guerras, politicagem, e claro, espionagem e traições. Eu, particularmente, não sou muito fã de todo esse pano de fundo de interesses e política, mas acabei me envolvendo tanto com as personagens que acabei deixando essas informações como terceiro plano. Mas pra quem curte esse tipo de enredo, A Farsa é um prato cheio!