spoiler visualizarMaria 26/04/2024
Quando eu li esse livro pela primeira vez, em 2020/2021, eu não entendi nem metade do que essa história tem a passar. Lendo novamente, agora em 2024, eu novamente sinto que não entendi nem metade, mas já me senti mais perto de juntar algumas pontas que existem na narrativa. Talvez, para além de compreender o todo, essa história seja sobre sentir e refletir cada nuance que existe durante a(s) narrativa(s). E são muitas nuances, porque é um romance polifônico, de vivos(?) e mortos.
O tempo e o espaço não são bem definidos, mas é possível relacionar com diversos aspectos latianomericanos. Comala não existe, mas há um pouco dela em cada cidade: uma história marcada por algum coronel que mandava no local, aqui sendo Pedro Páramo; a presença da religião católica e das suas nuances, como o padre Rentería, que julga os pecados de quase todos da cidade como sem salvação, mas perdoa o pior de todos por dinheiro, o de Miguel Páramo que matou o seu irmão e abusou da sua sobrinha; além disso, também existem personagens que têm personalidades muito corriqueiras, sendo possível fazer essa relação com a vida real. Ainda, a escrita de Juan Rulfo é genial, dá pra perceber a influência dele, tanto nessa questão quanto em outros teores, em diversas outras obras que já li.
?? Esta cidade está cheia de ecos. Parece até que estão trancados no oco das paredes ou debaixo das pedras. Quando você caminha, sente que vão pisando seus passos. Ouve rangidos. Risos. Umas risadas já muito velhas, como cansadas de rir. E vozes já desgastadas pelo uso. Você ouve tudo isso. Acho que vai chegar o dia em que esses sons se apagarão.?