Tenebra 30/01/2024
A personagem por quem me apaixonei
A britânica poetisa e romancista Charlotte Brontë é a terceira de seis irmãs, sendo dentre seis, três se destacam por também serem escritoras, Emily Brontë (famosa por escrever O Morro dos Ventos Uivantes), Anne Brontë (principal obra A Inquilina de Wildfell Hall). Charlotte (ou para época em que viveu Sra. Brontë) teve sua educação em uma escola clérigo chamado Lowood School, essa escola é citada detalhadamente neste livro (Jane Eyre), a saúde de Charlotte assim como a da personagem Jane Eyre, foram afetadas permanentemente por viverem nessa escola, sendo esse um dos motivos da morte prematura de Charlotte, mesmo a expectativa de vida do séc. XIX não ter sido relativamente alta. Charlotte tem como características em suas personagens, heroínas independentes e decididas, marca fundamental em Jane Eyre.
O livro “Jane Eyre” tem como narrador em primeira pessoa, onde é a própria Jane que recorda os próprios acontecimentos e os descrevem do começo ao fim. A escritora gosta de descrever tudo que a chama atenção. Em Jane Eyre, se Jane está caminhando por uma campina ela vai descrevê-la nos detalhes que achar importante, se ela está adentrando uma casa, vai descrever os móveis onde estão, como estão, cores e até a luminosidade do ambiente, e as descrições não se limitam somente a objetos e paisagens, mas às pessoas. Neste livro qualquer personagem apresentado terá a descrição que a personagem Jane Eyre achar necessário nos dizer, seus nomes, suas roupas usadas cada vez que aparecem em cena, sua fisionomia, características físicas e da personalidade, Charlotte Brontë não gosta de deixar passar um só detalhe. Mesmo essas descrições parecerem excessivas, na maioria dos casos elas tem um propósito, mesmo que implícito, e não eu não defendo que algo deva estar na história se apenas for necessário, essa é uma ideia que pode contribuir para afogar a criatividade.
“Jane Eyre” não é apenas um livro de romance, os personagens não são meros coadjuvantes que preenchem a sua utilidade. A mulher Jane Eyre não é para qualquer um, mesmo sendo pobre e feia (como diz várias vezes no livro), Jane se ama e sabe o que quer, para mim essa história é sobre amor-próprio, e a importância do autoconhecimento, sobre ser verdadeira consigo mesma, mesmo que tenha que passar por cima do próprio coração. Essa é com certeza uma obra à frente do seu tempo (escrito em 1847).
Por fim, “Jane Eyre” é um livro clássico, sendo assim requer atenção que um livro clássico exige, mas com certeza não é uma leitura cansativa nem lenta e muito menos difícil. Esse livro não é aqueles para “bater meta”, ele requer tempo e reflexão, ou seja, que seja digerido. Eu sinto que esse livro seria muito importante para mim há alguns anos atrás, veio tardio para me ensinar, mas mesmo assim foi bem-vindo e muito proveitoso.
P.S: Uma música que me lembra a personagem por quem me apaixonei; Jane Eyre, é a música que faz sucesso agora “Who is She by I Monster”.