Nay 01/04/2023
Uma sensibilidade indescritível
Enquanto lia, encontrei uma pergunta em especial que me fisgou entre todas as cartas e me fizeram refletir por um longo tempo.
"Se você não pudesse mais escrever, você morreria?"
De imediato, me veio a mente: "Talvez não morresse, mas viveria sem vida, tão sem propósito quanto um fantasma sem memórias."
Eu consigo imaginar uma vida sem escrever porque já a vivi. E lembro-me ainda dos meus primeiros versos ingênuos e infantis, e de como pela primeira vez comovi e encontrei os olhos de quem os leu, e soube que fui compreendida. E ao escrever, senti pela primeira vez o que era o "pulsar da vida no peito" que tanto ouvia falar.
Pensei por algum tempo que tinha encontrado um propósito. Um sonho, uma missão. Deveria escrever para comover alguém.
Mais tarde, percebi na verdade que havia encontrado o sopro da vida, que nada tem a ver com cumprir uma profecia em uma epopeia grega. Era apenas estar viva, me sentir completa e transbordante, ao invés de um cálice vazio. E esse livro me deu mais certeza ainda sobre isso.
Quando passo muito tempo sem escrever, meu ser parece murcho e nada me agrada. Quando palavras não me vêm a mente, e o papel permanece em branco, minha existência parece inútil e cinza, e nada mais me faz sorrir com sinceridade. Eu claramente estou viva e respirando, mas o que é viver se você não tem alma? É pior do que estar morto.
Isso tudo é o que estive pensando durante e depois da leitura.
De qualquer forma, planejo conhecer um pouco mais sobre ele, pois sua sensibilidade me traz um grande conforto e quero levá-lo comigo como um guia e ser uma aprendiz do que ensina nessas cartas que, embora curtas e poucas, carregam grandes reflexões de uma alma poética.