Juliana 30/11/2011Mentecaptos Por Livros | mentecaptosporlivros.blogspot.comO livro começa exatamente quando Juliette recebe um companheiro de cela. No mundo distópico de Mafi, comida é escassa e o clima está todo errado e há uma ditadura no comando. E no meio disso tudo, está Juliette, uma garota que foi trancafiada em um asilo para psicóticos.
Primeiro eu preciso esclarecer algumas coisas aqui a respeito da escrita da autora. O que teve de gente que detonou legal a narrativa de Tahereh em resenhas não foi brincadeira. Assim como também teve toneladas de pessoas que acharam as descrições dela a coisa mais linda e bem feita que saiu no mercado esse ano. Sinceramente, para esse segundo grupo eu digo: não exagera. E para o primeiro: relaaaaxa e só curte o livro, cara.
Tahereh é altamente poética. Shatter Me é contado através do ponto de vista de Juliette, que por ter sido rejeitada pela sociedade, achou como uma válvula de escape os livros. Então a protagonista tem toda essa visão "literária" do mundo, ou seja, por nunca ter tido uma família que se importe ou amigos, nós passamos um bom tempo dentro da cabeça dela no meio de suas "viagens" o que deu todo um aspecto surreal ao livro. E sabe o que foi uma surpresa? Que eu não achei isso nem um pouco irritante. Alguma coisa no ritmo da história e na voz de Juliette fez com que eu rapidamente entrasse no embalo da coisa, por assim dizer. E a autora usa e abusa das metáforas. Muitos leitores acharam desnecessário esse detalhe; por exemplo, ao invés de dizer que 'fulana corou' ela escreve coisas do tipo "rubor de rosas em meu rosto". Eu sei, eu sei, parece realmente meloso. Mas o ponto aqui é que isso funciona com a história e combina com o tom da trama.
E sobre a trama. Foi uma surpresa atrás da outra, disso não tenha dúvidas. Mas o problema é que nem sempre foram surpresas boas. Vou tentar me explicar aqui sem soltar spoiler; o que me chamou a atenção desde o começo é o "poder" de Juliette de absorver a energia dos outros através da pele, igual a Vampira dos X-Men que eu sou completamente fã. Mas Tahereh talvez foi um pouco longe demais em todo o fator X-Men, o que acabou tirando a originalidade da história, o que foi uma pena, really. Mas isso me deixou desinteressada com a história? Surpresa, surpresa, não!
Se o seu interesse nesse livro está somente no fato de ser uma distópica, não perca seu tempo o lendo. Diferente do que muitas resenhas dizem por aí, Shatter Me definitivamente não é parecido com Jogos Vorazes ou até mesmo Divergent. Não é que não tenha todo o lance de rebelião contra o sistema, mas sim que o tom é muito diferente; Shatter Me é mais sobre a aceitação de Juliette de si própria e o quão longe ela pode chegar se ela olhar a si mesma com olhos diferentes e acreditar que, mesmo depois de tudo e de acordo com todos, ela não é um monstro por ser diferente.
Então, resumindo: a história flui rápido, a autora se preocupa bastante com a estética da narrativa e no geral, eu achei a Juliette uma protagonista bem ok. O mundo distópico da autora não é muito impressionante, assim como eu também não esperava que tivesse tanto romance na história mas no geral Shatter Me é um livro bem razoável que me deixou curiosa para saber aonde Tahereh Mafi vai levar a jornada de Juliette.
E porque eu não posso deixar de comentar essa: li pelo menos umas três resenhas de leitores dizendo que Shatter Me parecia mais um pornô barato e que Juliette tinha tesão demais para uma garota que nunca tinha tocado ninguém antes. OK OK, PERA AÍ COLEGA. Eu ri alto quando li aquelas resenhas, eu não tenho orgulho disso, mas eu ri alto mesmo. Então se você concorda com essas pessoas, que beijo de língua é pornografia e que é totalmente anormal uma garota de 17 anos ficar excitada, não leia Shatter Me.
Citação:
A única coisa que sei agora é que os cientistas estão errados.
O mundo é plano.
Eu sei porque eu fui jogada direto para fora da borda e eu venho tentando me segurar por dezessete anos. Eu venho tentando subir de volta para cima por dezessete anos mas é quase impossível vencer a gravidade quando ninguém está disposto a te dar uma mão.[ tradução livre de trecho do livro]
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