Resenhas - O Coração é um Caçador Solitário

Josielle 14/07/2020

O livro traz personagens fortes através dos quais podemos refletir sobre questões humanas muito profundas, a maior delas sendo a solidão. É uma história que, para mim, foi arrastada, mas não por isso cansativa ou chata, pelo contrário, me senti bastante envolvida por cada um dos personagens, principalmente pela menina que cativa pela beleza como apresenta o "seu mundo interior" e como isso muda drasticamente à medida que a vida adulta vai chegando. Enfim, é uma leitura que vale muito a pena fazer, recomendo demais.

Mariana 25/10/2010

Poderia ser uma obra-prima não fosse pela forma ainda imatura com que McCullers contou sua história. Publicado quando a autora tinha apenas 23 anos, o romance trata com crueza e sobriedade a solidão, a incomunicabilidade e a pobreza, tanto material quanto pessoal.

O mais interessante da narrativa simples - ainda que em alguns trechos careça de ritmo - é, sem dúvida, o mudo Sr. Singer, em torno do qual giram os outros personagens principais do romance. Sem exceção, todos esses personagens se encontram em severa situação de pobreza, levando suas vidas difíceis e desafetivizadas. Mr. Singer, o mudo com nome de cantor, lhes dá atenção e "escuta" seus desabafos, ainda que ninguém saiba quase nada sobre ele. Não há reciprocidade num romance de solidão, de falta de comunicação.

And 08/04/2021

O coração é um caçador solitário
"Um romance belíssimo sobre a compreensão, a discriminação e a procura do amor. "
(Juan Pablo Villalobos)

Gláucia 02/02/2019

O Coração é um Caçador Solitário - Carson McCullers
Nem dá pra explicar o motivo de eu ter gostado tanto desse livro. A ação se passa no sul dos EUA em 1939 e não possui um enredo tão bem definido.
Temos 4 personagens marcados pela solidão gerada pela incomprensão de anseios impossíveis de ser compartilhados.
Biff Brannon, dono de um bar; a adolescente apaixonada por música Mick Kelly; o idealista médico negro Benedict Copeland e o agitador comunista e alcóolatra Jake Blount. A vida dos quatro gravita em torno do também solitário surdo-mudo John Singer, segundo eles, o único capaz de compreendê-los.
Livro carregado de melancolia e desilusão, de sonhos perdidos.

marciano 17/05/2014

sou o personagem extra
pensei que quase ninguém no Brasil conhecesse esse livro, então, muito bom, não tem como descrever, obra-prima, num quarto todos os que são oprimidos ou têm opinião descartada se encontram, um diz que é preciso doutrinar a massa pra promover revolução, outro diz que se precisa mais de luta, menos leitura (acho que é isso mesmo, um gosta de novinhas, outra se sente livre como se estivesse no corpo de um menino, um é surdo-mudo, eu só queria que eles formassem um clube pra tomar chá e conversar, eles eram tão solitários e as melhores pessoas da cidade, eu queria andar com eles, a autora destruiu minhas ilusões, mas fez isso de forma bem bonita, esteja perdoada, McCuller.

Shaolin Matador de Porco 07/08/2020

O coração é um caçador solitário
Em questão de enredo esse livro é lindo, tem uma história inspiradora e eu acho que pelo fato de ter muitos personagens, e todos eles serem solitários a sua maneira, muita gente vai se identificar.

Tem o mudo John Singer, é muito interessante analisar o papel do mudo nessa história, a todo tempo ele tornava as pessoas em sua volta, mas ele mesmo se sentia solitário por estar tão longe do melhor amigo, e apesar de sempre ter gente a sua volta, nunca era o suficiente, tem laços na vida que é tão forte que dói.

Mick Kelly na minha opinião é uma das personagens mais bem construídas do livro, junto com Singer e o Dr.Copeland, ela é filha do meio numa família cheia de irmãos, o fato de ter tanta gente envolta dela a deixava sufocada, e ela descreve no livro o "mundo de dentro" que é um lugar onde ela se refugia do "mundo de fora", o mundo de fora é onde está sua família necessitada, seus colegas de escola, a pressão que é ser uma menina em desenvolvimento numa época onde as meninas não podiam estudar e trabalhar ao mesmo tempo, e o mundo de dentro é um lugar lindo, cheio de música e tranquilidade, ela dizia que apenas ela e o Singer estavam no mundo de dentro.

O Dr.Copeland é um médico negro que abriu mão de sua família para um bem maior, cuidar do povo preto era uma missão de vida pra ele, e de acordo com cenário, é totalmente compreensível a preocupação dele, os pretos que trabalhavam eram vistos como inferiores, os pretos que estudavam eram visto como ameaça, ele ia de casa em casa para cuidar de seus pacientes e gostava de conversam com eles sobre como o povo preto precisa se juntar e lutar, é muito bonito ver no livro a forma como a comunidade dele age, não só em relação as palavras dele, mas em tudo...

Jake Blount é um agitador comunista, esse foi um dos personagens que eu não gostei muito, ele parece ser o tipo de pessoa que força a opinião a cima dos outros e esse foi o motivo de desentendimento entre ele e o Dr.Copeland, Jake dizia que primeiro tínhamos que começar um movimento sindicalista dos trabalhadores, e ele não está errado em querer acabar com o sistema capitalista, o problema é que ele não enxergava as necessidades urgentes do povo preto, os brancos poderiam ir pra rua protestar, se os pretos fossem a rua protestar como os brancos, eles sofreriam represálias das autoridades municipais, e isso o Jake não enxergava...

Biff Brannon é o dono do bar onde a maioria dos personagens se conheceram, ele não aparece muito no livro como os outros 4, e ele tem um papel observador na história toda, e no final das contas ele é um dos poucos que fica na cidade, e tudo que resta pra ele é a lembrança de quando o mudo recebia todos em seu quarto alugado e aliviava a solidão dos moradores da região.

site: https://takegilivritos.wixsite.com/estantetakegi

Adriano 02/07/2020

O melhor livro da Carson McCullers
O que mais adoro na escrita da Carson são as personagens. Sempre solitários, alguns quebrados pela vida, buscando compreender o sentido de tudo que acontece ao seu redor.

Em Balada do café triste, tínhamos a dona do café, uma mulher alta e forte que aguarda o retorno do marido que está preso. Nisso aparece um primo, anão e ambos se apaixonam. O marido retorna da prisão e o primo acaba se apaixonado por ele.

Já em o Coração é um caçador solitário, temos o Dr. Copeland, médico negro marxista, pai de 4 filhos (William, Karl Marx, Hamilton e Portia) tentando ensinar consciência de classe e raça para a comunidade pobre na qual presta serviços e lutando pela emancipação racial dessas pessoas.
Temos Mick, uma garota que ama música mas leva uma vida difícil e busca o sonho de ter um piano ao mesmo tempo que se vê saindo de forma abrupta da infância para vida adulta.
Tem Jake Blount, miserável, alcoólatra, comunista, indignado por viver em um país rico e ao mesmo tempo com tanta gente pobre.
Biff Brannon, dono do café da cidade que funciona 24 horas e aonde todos se encontram.

E temos o fio condutor da história, Sr. Singer, surdo-mudo, triste e solitário, visto como santo por todos.

Todos vivendo em cidadezinha da América nos anos 30, ainda sobre efeito da grande depressão.

Publicado em 1940, Carson tinha 25 anos. "Coração..." traz tantas questões de gênero, classe e raça que parece ter sido escrito nos últimos anos.

Carson McCullers é genial.

Vilamarc 16/12/2018

A voz do mudo
Nossa que livrinho surpreendente!
Eu já tava achando o livro um tanto mais do mesmo sem acréscimos, quando um fato mudou a compreensão do livro todo.
Assim como as personagens principais do livro, fui surpreendido, junto com eles, pelo fato mais certo de nossas vidas: a morte.
A morte de um símbolo. De alguém que pouco se sabia, de quem muito se especulava, de quem pouco se escutara, e de quem a morte acrescentara mais uma interrogação.
Quem seria e o que amava aquele indivíduo?
A partir daí, não somente o futuro é redimensionado, mas sobretudo, o passado ganha novas perspectivas.
A vida fracassada do velho negro que já não tem forças para projetar o futuro.
A vida contraditória do jovem operário que só construiu desavenças.
A vida expectante da jovem negra que se vê tolhida pelas necessisades do cotidiano.
O período da grande depressão americana, o avanço dos regimes totalitários e a diferenciação das lutas sociais de brancos e negros, estão no fundo dessas histórias.
Ademais, a partir daquela morte, as páginas do livro parecem absurdamente poucas para tudo o que precisamos saber dessa história e da vida. Ao mesmo tempo em que olhamos para trás e nos parece, uma enormidade de passado desperdiçado em detalhes que talvez fosse o melhor da vida.

Debora 28/01/2019

Solidão, para sentir e acompanhar
Impressiona a profundidade de construção de personagens feita pela autora, tão jovem à época. Ela acompanha Mick, Blount, Branoun, Dr. Copeland e, claro, John Singer em suas angústias, desejos e dores em uma profundidade que permite a nós, leitores, tentar sentir/entender como eles.
Os 4 primeiros personagens encontram em Singer, um mudo, alguém que os entende em todas as suas questões. Mas ninguém pergunta a Singer o que ele pensa, entende, quer.
E assim se dão as relações no livro.

Wagner269 28/09/2023

Um livro sobre conexões
Em 2018 eu vivia uma das minhas crises de identidade e percebi que pra alguém que queria escrever havia pouca leitura já que eu havia interrompido o hábito de ler substituindo por vídeo games ou qq outra forma de alienação. Como eu estava retornando a leitura decidi assinar a tag e esse foi o primeiro livro que recebi. Não gostei na época e pior, ao ver que a autora era tão jovem senti inveja porque eu tinha 31 anos e nunca tinha escrito nada que pudesse chegar próximo ao que a Carson McCullers fez neste livro e havia lido cerca de cem páginas, pois eh! Um tempo depois tive a coragem de enfrentar essa leitura e estou ainda desacreditado que alguém tão jovem fosse tão foda!

As personagens são vivas demais e me lembrou muito O sol é para todos. O personagem que ela chama de mudo, (Singer) e que é o protagonista da história é orbitado por quatro personagens que encontram nele alguém que podem dizer o que há de mais íntimo, mas o engraçado é que essas pessoas não sabem nada a respeito dele, não sabem da tristeza que ele sente com o distanciamento de um grande amigo.
Além de tudo neste livro tem um retrato muito interessante dos Estados sulistas nos anos 40, a segregação racial e a pobreza dos trabalhadores braçais com a mao de obra sendo explorada pelaa grandes companias, a autora consegue também jogar luz sobre como estava o mundo com a ascensão do nazismo e fascismo.
Eu me senti completamente arrebetado em diversas passagens poéticas e que tratam da conexão e desconexão humana.

Tanto Blount, o médico negro, (Dr. Benedict Mady Copeland), Biff Branon e Mick Keller possuem sonhos e uma forte necessidade de conexão, mas não conseguem entre si ou até mesmo com outras personagens porque sempre há um ponto de desacordo nessas tratativas, entretanto com Singer isso não ocorre porque ele n fala, mas quem ouve o ouvinte? De certa forma isso me levou a pensar no conto Angústia de Theckov e também na profissão de psicanalista, e o quanto é importante o papel das pessoas que nos ouvem com atenção.

Enfim, chego ao final desse livro, querendo explorar melhor meu papel de ouvinte.

Sté.Souza 06/04/2020

Sobre solidão
O que eu posso dizer desse livro??
Em muitas horas achei difícil ler ele, porque achei bem prolixo, o que não quer dizer que tenha sido uma leitura ruim, na verdade foi muito boa, todo mundo está solitário e angustiado nessa história e, isso fez eu questionar sobre algumas coisas.
É uma leitura boa, mas acredito que não seja pra todo leitor.

SalmaC 19/08/2021

a vida continua
Um livro daqueles que você tem muito o que dizer sobre mas quando vai ver não consegue falar absolutamente nada, é assim que estou me sentindo...
eu realmente amei muito esse livro, esses personagens, a escrita dessa autora é extremamente inteligente e perspicaz, me senti completamente imersa nessa leitura, acho difícil eu esquecer esse mundo extremamente sentimental, melancolico, crítico e reflexivo... vou guardar com carinho na minha mente essa estória ?
aliás, um dos melhores romances de formação que ja li (e olha que é meu gênero favorito), achei sensacional!!!

Sarah 30/09/2022

Melhor do que eu me lembrava
Já havia lido esse livro antes, em 2019 - acho. Resolvi reler porquê estava fazendo uma limpeza na minha estante e pensei que esse livro vivia no meu coração, mas pouco lembrava do motivo. E, ainda bem, passei a gostar mais ainda do livro, depois dessa releitura.

Demorei bastante para reler, porque estava com preguiça de ler mesmo, mas o livro continua ótimo. Eu amo como todos os personagens são interessantes, como cada um tem o seu nicho específico, mas de alguma maneira todos eles se conectam de uma forma: são incapazes de se conectar com outros seres humanos. Eles não conseguem ter conversas de seus interesses com outros humanos, sem querer passar por cima dessas pessoas. Por isso se dão tão bem com o Sr. Singer, ele não pode falar *risos*.
Achei interessante como a minha perspectiva mudou quanto aos personagens, na minha primeira leitura lembro de ter gostado bastante da Mick Kelly e ter me relacionado super com a história dela. Porém, dessa vez me senti mais próxima do Sr. Singer. O ouvinte de toda essa história, mas que nunca consegue ser ouvido verdadeiramente pelos envolvidos.

Porém, tenho uma ressalva a fazer: achei a história do Branon um pouco complicada. A relação que a autora tentou construir entre ele e a Mick Kelly ficou um pouco estranha, especialmente quando vai chegando o final e ela está mais adulta, adquirindo responsabilidades e ele narra que o interesse por ela sumiu... Soa estranho.

Srta.Jay 24/06/2021

Misto de sentinentos
No início, eu não estava gostando muito da história e estava remando para ler. Pensei em desistir da leitura, pois realmente não conseguia engrenar a leitura.
Mas percebi que era forma da autora "demonstrar" o tempo e o sentimentos dos personagens.
No final, fiquei feliz em não ter desistido tão cedo do livro. Gostei do enredo em geral e do final.

Julinho 05/09/2022

Acho lindo o título desse livro, tanto na língua original, quanto na tradução para o português. A escrita da autora é um deleite, e nos convida a passear por a vida desses personagens tão diferentes na superfície, mas que compartilham uma espécie de substância interior que os diferencia dos outros habitantes daquela cidadezinha: o mudo, o forasteiro comunista, o médico negro, o dono de bar, a menina pobre com talento para música.

Um livro triste, mas lindíssimo.