Lais.Lagreca 10/05/2021
Um daqueles livros que nos ajuda a ser melhor no mundo!
Chinua Achebe é considerado o pai da literatura nigeriana moderna.
Neste livro: “O mundo se despedaça”, vemos uma Nigéria (na verdade, é um lugar que ainda não era a Nigéria, tendo em vista que era no período pré-colonial) que não é a que nos chega quando pensamos na literatura produzida pelo colonizador. Vemos povos com constituição social complexa, com valores culturais, por vezes, diferentes dos nossos que se organizam, se desenvolvem e se enxergam como pertencentes a um lugar que faz sentido para eles.
Com a chegada dos brancos colonizadores, muitas das crenças, da forma de organização social, são, aos poucos, mas nem tão aos poucos assim, colocadas de lado, colocadas como inferiores, sem sentido...
Chinua Achebe não romantiza seu povo, na medida em que, como leitora, consegui perceber a complexidade das formas de organização social, não concordei com tudo (o próprio personagem principal tem condutas violentas, sexistas etc.), mas esse é o meu olhar todo influenciado por um tempo histórico (em que avançamos nas discussões de vários assuntos) e por um lugar social (entram aqui influências tantas...).
A narrativa é conduzida de uma forma que o título vai se mostrando cada vez mais coerente...
Ao final da leitura, não é possível não nos questionarmos a respeito de várias informações que nos chegaram através de livros escritos pelos colonizadores, os quais contribuíram para justificar um olhar superior sobre povos que se constituíam de forma diferente da nossa, que tinham crenças diferentes das nossas, que tinham cor de pele diferente da nossa... entende?
O discurso legitima, o discurso cria “verdades”...
E esse livro nos mostra muito isto: como que algo tão complexo pode ser descrito como bárbaro e, assim, servir como uma certa “licença” para explorar, violentar e exterminar?