Léo 28/11/2023
Uma característica presente em todo e qualquer livro clássico é a complexidade de temas e personagens. Não há respostas fáceis, nada é evidente ou "preto no branco". Há nuanças, há necessidade de reflexão e interpretação.
Aqui temos um romance complexo. Acompanhamos a vida de Eugênio, desde a infância. Ensimesmado, o menino se sente inferior e acredita que a felicidade e a realização só serão possíveis com a superação da realidade miserável. Ele sonha em ser mais e maior para, assim, poder encarar as outras pessoas sem abaixar a cabeça.
Aí é que entra a personagem Olívia -- quase uma Sônia, de Crime e Castigo. E, tal qual acontece no romance russo, Olívia vai exercer influência suficiente para fazer nosso protagonista viver uma verdadeira metanoia. (Mais: a personagem nos faz refletir sobre as marcas que as pessoas deixam na gente, sobre o quanto somos uma soma de todos aqueles com quem convivemos e amamos.)
O livro, além disso, trata de questões religiosas, políticas, psicanalíticas (haja Freud), morais, amorosas... Sempre fugindo do óbvio. Um espetáculo.