Pedro Sucupira 05/01/2023
2023 LIVRO 2 – K., por Bernardo Kucinski.
Uma história sobre um pai que procura a filha desaparecida durante a ditadura militar no Brasil.
Pesado, intenso e triste. Como o próprio autor nos alerta logo nas primeiras páginas “tudo neste livro é invenção, mas quase tudo aconteceu.”
Já começamos a leitura sabendo do desfecho de morte e tristeza; e será que é possível esperar por um final feliz quando se fala de ditadura militar?
O relato de Jesuína, a empregada de um dos centros de tortura, é de tirar o sono – “Então desci lá embaixo, fui ver. A garagem não tinha janela, e a porta estava trancada com chave e cadeado. Uma porta de madeira. Mas eu olhei por um buraco que eles tinham feito para passar a mangueira de água. Vi uns ganchos de pendurar carne igual nos açougues, vi uma mesa grande e facas igual de açougueiro, serrotes, martelo. É com isso que tenho pesadelos, vejo esse buraco, pedaços de gente. Braços, pernas cortadas. Sangue, muito sangue.”
K. é uma ficção poderosíssima capaz de nos fazer sentir, mesmo que infimamente, os terrores da ditadura militar no Brasil. Nos empatizamos pelos desaparecidos políticos. Nos empatizamos pelos pais e mães de filhos desaparecidos. Nos empatizamos pelos manipulados, enganados e tratados como peões em um jogo de loucura e poder.
Uma narrativa carregada de medo, tristeza, morte, tortura, suspense e terror. Uma leitura obrigatória para jamais nos esquecermos da vergonha histórica que é uma ditadura militar.
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