Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020
Um planeta quase que completamente desértico, de onde sai uma especiaria única no universo, capaz de ampliar a vida e a consciência de seres humanos e ainda ser utilizada para permitir viagens espaciais. Um duque preso em uma conspiração, um herdeiro messias, uma mulher envolvida profundamente na religião, um barão rival sanguinário, um povo misterioso e com controle sobre os vermes gigantescos que habitam os desertos. Definitivamente não foi fácil entrar no universo de Duna, com seus neologismos claramente influenciados pelo idioma árabe, sua história densa e a escrita de Frank Herbert que, muitas vezes, passa com a ideia de “isso aqui você já sabe o que é”, mesmo que você não saiba.
Só que em algum momento, talvez lá para a página 100, a história vai amarrando o seu interesse de uma forma difícil de escapar. As conspirações, as possibilidades de futuro, a filosofia, a religião, a ecologia e a aula de sociologia que formam Duna prendem sua atenção daquele jeito característico dos bons livros. Você não quer parar de ler e, quando para, segue querendo saber o que vai acontecer com Paul Atreides e os Fremen.
Me impressiona o fato de que algumas muitas resenhas que li sobre o livro não tenham citado a clara referência aos árabes. Em uma delas foi citada a época de produção de Duna (em meio a Guerra Fria, crises do petróleo etc) como uma influência direta na relação especiaria-petróleo, mas faltou falar sobre o deserto, as roupas e o idioma claramente referenciado. Duna é um universo absolutamente incrível e necessário para quem é fã de ficção científica. Uma ficção científica que, por sinal, envelheceu muito bem e, não à toa, vai ganhar nova adaptação para o cinema (com Jason Momoa de Gurney Halleck, no que talvez tenha sido uma das melhores escolhas do casting). É difícil resumir o que é Duna, mas com certeza o “hype” em cima da obra não foi à toa. Todos os méritos à Frank Herbert.
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