femdrs 10/08/2023
História pra robô dormir
Como o próprio Asimov explica em seu comentário final, o pessimismo e a tensão ao redor do avanço da tecnologia e da dominação (para o bem, para o mau) das máquinas embalam, frequentemente, as histórias de ficção científica e é quase sempre natural esperar o desfecho convencional da submissão do ser humano, o criador, pelos robôs, a criatura.
(Mas isso não é mais um paralelo com Frankenstein, o Prometeu moderno. haha)
Fiquei surpresa, todavia, quando os contos de "Eu, Robô" tomaram caminhos opostos ao esperado e, no fim, revelaram-se uma espécie de fábula sobre a ascensão da inteligência mecânica não como um fim, mas uma continuação da evolução da sociedade, da civilização. Quase que como um ode ao potencial das máquinas, se bem administradas, claro, pelas cooperativas e pelas nações imperialistas que estão sempre cheias de boas intenções, rs. Infelizmente, é bom demais para sequer cultivarmos essa esperança e mais parece um conto de fadas - ou melhor, de robôs.
Me interessou muito a personagem que narra os eventos, uma "psicóloga roboticista", e como seu trabalho flerta com a recorrente questão sobre o funcionamento da "mente" de um robô, uma vez que se torna, como muitas vezes demonstrada aqui no livro, mais que uma ferramenta, mas um indivíduo. (ainda que não tenha seus direitos garantidos nos... Estatutos Regionais) A temática é abordada de forma criativa em alguns momentos, em outros não.
Todos os contos funcionam individualmente, mas é mais legal lê-los como conjunto, e entender como funciona as Três Leis da Robótica destrinchadas em cada dilema apresentado.
Ótima leitura.