Pietra 27/02/2023
Vá e não tornes a pecar!
Que grande paradoxo terminar o livro com um robô dizendo uma das frases mais conhecidas da Bíblia, um artefato religioso e, portanto, subjetivo.
Acho que é uma ótima forma de resumir o livro como um todo, já que ele apresenta a proposta de uma sociedade mútua entre robôs e humanos com o questionamento constante do que os separaria em primeiro lugar, e porque aceitar alguém (ou algo) diferente seria tão difícil para quem é feito de carne e osso.
O livro traz, em uma prosa fácil de se entender, questionamentos e situações que deveriam parecer de um absurdo sem tamanho na década em que foi lançado, mas que hoje caem como luva ao leitor. Afinal, não é mais tão difícil imaginar o futuro descrito por Asimov.
Depois de ler tantos livros de ficção científica, esse é o primeiro que li a tratar a "invasão das máquinas" de forma positiva, e gostei da troca de intenções. Trazer robôs como uma das, e não a principal, temática do livro foi uma boa mudança. Tem coisa mais legal que robôs detetives?
Mesmo sendo um romance e, por isso, não se aprofundar demais nas questões de um futuro cibernético (como Blade Runner, por exemplo), a visão no livro ainda assim nos faz refletir sobre diversas coisas do nosso dia a dia, desde a nossa comida até os nossos trabalhos, e deixa uma pulga atrás da orelha sobre como seria, onde poderíamos chegar, fôssemos menos egoístas. "É melhor seguir o próprio caminho para o inferno do que alcançar o céu pelo caminho dos outros".
Foi uma ótima leitura, o 3.5 foi realmente pelo ritmo, que é um pouco lento, e pelo personagem principal ser chatinho e meio lerdo quanto a algumas coisas, em especial do começo ao meio. Fora isso, amei descobrir um pouco do mundo de Asimov e estou ansiosa para ler O Sol Desvelado.