@apilhadathay 02/12/2012
Super!
"Carla ficava com vergonha sempre que os dois se beijavam em público. Seus amigos achavam aquilo estranho: os pais deles não se comportavam daquele jeito. Certa vez, Carla dissera isso à sua mãe. A mulher rira com satisfação e respondera: 'No dia seguinte ao nosso casamento, seu pai e eu fomos separados pela Grande Guerra (...) passaram-se cinco anos até que eu tornasse a ver o seu pai. Passei todo esse tempo ansiando tocá-lo. Agora nunca me canso de fazer isso.'" (p. 12)
Este trecho reflete um dos pontos mais tocantes do livro: o mal que a Guerra causou às vidas de cinco famílias, de diferentes origens, mas de destinos ligados por eventos devastadores: os Americanos, os Galeses, os Russos, os Alemães e os Ingleses.
No segundo livro da Trilogia histórica "O Século", Ken Follet nos leva em uma viagem crível e detalhada pelo mundo, em um dos períodos mais fascinantes e revoltantes da nossa Era: os anos de 1933 a 1949, os mais turbulentos do século XX, quando as armas nucleares tomaram forma e se comprovaram como a pior invenção da humanidade; o tempo da fatídica ascensão de Hitler e Mussolini, e do furacão sócio-econômico e político causado pela Segunda Guerra Mundial.
Pelos olhos dos descendentes dos personagens do Livro 1, vemos que há algo mágico na precisão histórica do autor, e na forma como ele, unindo ficção e História, constrói cada figura humana; vamos além da experiência de leitura - este é um mundo vivo, com o qual o coração e as emoções interagem em tempo integral, seja rindo, chorando ou torcendo pelos nossos favoritos - aqui, preciso mencionar a memorável anglo-alemã Carla.
O maior destaque para mim, porém, é o próprio autor: Ken trabalha os mundos fictício e real de forma tão convincente, que é como se a história não fosse um romance, mas um relato, um documentário romantizado. Poderia ser um sobrevivente da 2ª Guerra contando um pouco do que ele, sua família, amigos e inimigos passaram. Como estivemos trabalhando a questão da Verossimilhança na aula de Estudos Clássicos, foi fantástico perceber que é uma qualidade própria deste livro.
Há algumas cenas mais calientes, portanto, não recomendo para crianças ;-)
O autor, que já conquistou fãs pelo mundo inteiro com o primeiro livro da trilogia, QUEDA DE GIGANTES, traça no livro 2 um panorama curioso das transformações humanas nos momentos de crise. É uma dica preciosa de leitura para as faixas etárias juvenil e adulta, especialmente, para os apaixonados por História.
"- Hoje de manhã, o embaixador britânico em Berlim entregou ao governo alemão um último aviso informando que, se o governo britânico não fosse comunicado antes das onze horas da manhã que eles estavam dispostos a retirar imediatamente suas tropas da Polônia, um estado de guerra passaria a existir entre nós.
A voz de Chamberlain se fez mais grave e mais oficial. Talvez ele não estivesse mais olhando para o microfone, e sim imaginando milhões de conterrâneos seus em casa, sentados junto aos aparelhos de rádio, aguardando suas temidas palavras.
- Devo lhes informar agora que nenhuma mensagem com esse teor foi recebida (...) e, consequentemente, ete país está em guerra com a Alemanha." (p. 308)
Você fica chateado quando liga o rádio e suas músicas favoritas demoram a passar? Ou rejeita a programação de domingo na TV porque é banal? Passa a maior parte do tempo livre na internet, em redes sociais? Que tal parar para conhecer esta história e saber o que milhões de pessoas passaram, quando os meios de comunicação vinham trazer notícias de guerra e de tempos sombrios?
O livro é emocionante, não há palavra que o descreva melhor. Se conhece essa parte da história, ou tem interesse em saber mais, é uma ótima dica de leitura.
Não li o primeiro livro, mas ele definitivamente entrou na lista o/
\\o Boas Leituras o//