Milla 18/12/2012www.amorporclassico.comKen Follett dá continuidade à trilogia O século com o livro Inverno do mundo. Partindo exatamente do ponto que parou em Queda de gigantes, o autor segue com uma narrativa impecável e envolvente a trama das cinco famílias de nacionalidades diferentes vivendo momentos marcantes do século XX.
Se no primeiro livro presenciamos a I Guerra Mundial de uma forma espetacularmente real, o segundo não deixa nada a desejar quando nos traz a II Guerra Mundial.
Eu estava muito ansiosa para esse livro, mas preciso dizer que o segundo livro ainda não chega ao mesmo nível de maravilha que o primeiro. A verdade é que no início o autor precisa situar o leitor a respeito das cinco famílias que conhecemos no primeiro livro e isso é um pouco cansativo porque é muito introdutório. Mas logo o livro consegue prender a atenção comprovando sua maestria.
Com certeza Inverno do mundo vai além de qualquer outro livro que aborde a Segunda Guerra Mundial porque Ken Follett não se prende ao esquema Alemanha Nazista/Judeus no campo de concentração, ele mostra causas e consequências da maior guerra da História em cinco nacionalidades distintas, mostrando perspectivas de lados e classes sociais diferentes.
Seja na Rússia, Alemanha, Estados Unidos, País de Gales ou Inglaterra, somos inseridos no contexto da trama como se assistíssemos uma reportagem na tevê, presenciamos barbáries e a luta e perseverança de pessoas que só almejam o bem para sua família e seu país.
São fantásticas as relações de poder e o desdobramento de cada ação dos governantes das grandes potências do cenário político-econômico do meio do século XX. E a trama é tão bem elaborada e construída em cima de pesquisas históricas que fica difícil separar o real da ficção.
Ethel, agora uma importante política, fica bastante apreensiva ao ver seu filho Lloyd ir à Espanha lutar contra o fascismo e lá o rapaz descobre que é preciso combater o fascismo e o comunismo. Em campo, ele conhece Volodya, o jovem russo filho de Grigori Peshkov e que agora faz parte da inteligência do Exército Vermelho mas não faz ideia da sua importância para o eventos próximos no seu país.
Contraditoriamente, Lloyd se apaixona pela jovem Daisy Peshkov, uma nata representante da riqueza norte americana, mas ela está mais encantada por Boy Fitzherberts e termina casando com ele à despeito de todas as pessoas de Buffalo que a "excluíam" por causa de seu pai, Lev Peshkov.
Nos Estados Unidos, o senador Gus Dewar ensina seu filho Woody Dewar tudo sobre política enquanto seu outro filho Chuck Dewar se alista na Marinha. Na Alemanha, os Von Ulrich passam por momentos difíceis com as ascensão de Hitler ocasionando o fim do parlamento, onde Walter trabalhava, e enquanto Carla von Ulrich deseja com todas as suas forças combater os nazismo, seu irmão Erik von Ulrich pretende serví-lo.
As histórias das cinco famílias continuam se cruzando de forma fantástica e é brilhante a construção de Ken Follett, em muitos momentos me senti eletrizada pela trama e com certeza esse tiquinho de contei não é nada das 875 páginas muito bem preenchidas por este autor.
Vemos calmamente a ascensão de Hitler, a instalação do regime nazista na Alemanha, a Guerra Civil Espanhola com a ascensão de Franco ao poder, as oscilações de Stalin na Rússia, os avanços perigosos da tecnologia nuclear, a vida no front, as fugas, as privações, desilusões e tantas outras experiências com as minúcias que apenas Ken Follett é capaz de captar e transmitir para os seus leitores.
Recomendo a série para os curiosos ou apaixonados por história. Além de entretenimento de primeira qualidade, Follett nos presenteia mais uma vez com uma magnífica aula de história. E, por último, não poderia deixar de deixar também expressar aqui minha admiração pela tradutora Fernanda Abreu, que traz sua excelência para mais uma obra!