Lygia 04/06/2013Objetivo primário dos autores?Parceria entre John Green e David Levithan? Só poderia resultar em algo extraordinário, certo? Bem, não exatamente e já explicarei o motivo de não achar isso!
Do David nunca tinha lido nada, mas só via resenhas superpositivas dos seus livros individuais, inclusive a Galera Record vai lançar 'Everyday' no 2º semestre. John é muito amor, adoro a escrita e os livros dele, como vocês já viram nas resenhas aqui do blog. Acho que é o típico livro que promete muito, mas não cumpre todo o seu papel.
Will & Will, trata-se basicamente sobre os Will's Grayson. Cada capítulo é narrado por um Will e de cara dá para sacar qual Will cada um dos autores estão narrando. Não sei até onde um autor influenciou na escrita do outro, mas o ponto principal é: os dois Will´s são decididamente mal-humorados, meio depressivos (ok, um é realmente diagnosticado com depressão) e relutantes em manter contato com as pessoas. E o livro é basicamente sobre a vida adolescente deles, que em determinada situação, se cruzam (obra do destino? Acaso? Coincidência?).
Se os dois narradores chamam Will, como diferenciar qual capítulo é narrado por qual sem confundir o leitor na inserção do livro no início da narrativa? Simplesmente colocaram um dos Will (o depressivo) narrando com letra minúscula. Tudo. Tipo o quote ali em cima, que foi escrito exatamente como está no livro. Gente, pode parecer bobagem da minha parte, mas isso me incomodou muito. Não sei se existe algum motivo além da minha compreensão para terem usado esse artifício, se alguém souber me fale.
Sobre a história...O primeiro Will que é apresentado possui poucos amigos, mas não que isso o incomode de alguma forma. Seu mais novo lema de vida é 'Quanto mais calado, melhor', desde que protegeu publicamente seu melhor amigo gay, Tiny Cooper. Ele se entende por gay desde o terceiro ano, parece um armário gigante e acredita piamente que o mundo gira em torno de seu fabuloso eu. Tiny é egocêntrico, mas é engraçado e divertido. E está bem com sua opção sexual, apaixonando-se pelo menos 1 vez por semana, por garotos diferentes. Tiny é do tipo de amigo leal mas que só mete Will em enrascada. É uma bela amizade, no final das contas! =) A última peripécia de Tiny é montar uma peça de teatro, e o assunto da peça, naturalmente será Tiny Cooper. O segundo Will (o depressivo) mora só com a mãe, toma remédios e seu único contato com outras pessoas é por Maura que tenta manter uma amizade unilateral com ele e Isaac, que conheceu na internet. Will está apaixonado por Isaac e acredita que o sentimento é recíproco. Marcam de se encontrar.
Por causa do destino, acaso ou coincidência, chamem do que for, ambos os Will´s esbarram-se em um sex shop. O segundo Will encontraria com Isaac. Não vou dar mais detalhes sobre isso, porque, de certa forma, é divertido descobrir como isso aconteceu. Mas aí é que está...o livro realmente só começa a andar depois do capitulo 9, e aí sim temos ritmo. Will apresenta Tiny ao outro Will e bem, não é difícil imaginar o que acontece. Mas o porquê acontece e como acontece são os diferenciais e acompanhamos a vida desses personagens então.
Eu senti um pouco de dificuldade em entender em qual ponto os autores queriam tocar realmente. Sobre aceitação de si mesmo, sobre o relacionamento gay pura e simplesmente (diferencial o tema para YA's), ou sobre relacionamentos e laços, sejam quais forem, de amizade ou de amor romântico. Ou sobre Tiny Cooper, porque sinceramente, o livro deveria se chamar Will & Will & Tiny. Sério!
Essa resenha ficou maior do que costume, porque eu gostaria de falar tudo o que senti com a leitura. E explicar de ter esperado mais dele. Senti tão pouco, que tenho certeza que ele não foi escrito para emocionar. Não existe nada na narrativa muito complexo para se refletir, tampouco. Mas não é um livro ruim de forma alguma. Complicado, não? Acho que vou ficar com essa dúvida por um tempinho e um dia descobrirei exatamente à que 'Will & Will' veio.