Vitor 24/10/2010
"NÃO ENTRE EM PÂNICO"
Momento propaganda: estou criando nesses dias um blog de literatura, música e cinema, com resenhas, indicações e opniões junto com um amigo. Se gostou dessa resenha e acha que um blog do tipo teria futuro, dê sua opinião aqui por favor pelo amor de Deus(zoa..)e dá uma olhadinha desta mesma resenha lá no blog, com umas imagens e uma diagramação mais bacana do que aqui no skoob. O blog ainda está em processo de criação, refinamento e organização, então ignorem possíveis cagadas, heheeh... tó:http://litterismundi.wordpress.com/2010/10/24/resenha-o-guia-do-mochileiro-das-galaxias-volume-tres-a-vida-o-universo-e-tudo-mais/
“NÃO ENTRE EM PÂNICO”, é o que está escrito na capa, em letras garrafais e amigáveis, no nosso já velho e querido conhecido Guia do Mochileiro. Digo velho porque os livros de Adams datam de mais de vinte anos atrás, embora sua linguagem e seu humor mais do que sagaz continuem atuais até hoje.
Li faz mais de dois anos o primeiro livro da série, e há cerca de um ano o segundo, o que me impossibilita de fazer uma resenha legal sobre eles. Pretendo relê-los logo, junto com outros tantos livros aqui em casa, mas sempre compro outros novos e aí enrola tudo. Agora li o terceiro da série, e já começo a ler o quarto essa semana.
Primeiramente gostaria de falar sobre o tipo de livro que é o “Guia”. Ele é, em palavras resumidas, uma obra nonsense, hilária, de ficção científica e com forte senso crítico nas mais diversas áreas da vida humana. O autor debocha de si próprio e de nossas condições lamentáveis o tempo inteiro, sem piedade ou falso acomodamento. Ele meio que diz: “é, o ser humano é uma merda mesmo, isso é um fato.”
Não é uma leitura que será apreciada por alguém não acostumado a ler. Eu mesmo conheço pessoas que desistiram de lê-lo por isso. Pensaram: “mas que livro idiota, sem pé nem cabeça”. O problema é a capacidade delas como leitores ou a falta de costume com a leitura para poder ir além da simples história de um herói que tem que salvar o mundo chutando a bunda dos bandidos.
O fato é que o autor utiliza sua obra para mostrar aos seus leitores que há tanto a melhorar que é difícil mostrar em quatro ou cinco livros. Para isso, ele cria situações tão improváveis quanto alguém poderia pensar, algumas chegando a ser ridículas (no bom sentido!).
A trama do livro não é o principal, nem de longe, ainda mais nesse terceiro livro. Se no primeiro os personagens queriam chegar ao planeta Magrathea e logo depois descobrir a resposta para a Pergunta Fundamental e no segundo eles começaram fugindo dos vogons e depois tentam encontrar o homem que criou o universo, nesse terceiro volume a trama é de tão pouca importância que alguns podem reclamar, e talvez com razão.
Arthur Dent e Ford Prefect, juntos de Slartibastfast, precisam salvar o universo dos robôs xenófobos do lendário planeta de Krikkit (sim, Adams zoa muito com o críquete e até com o medo inexplicável que nós temos das coisas novas) e para isso precisarão sobreviver às mais diversas e improváveis situações.
O autor cria situações geniais, que nenhum ser humano em estado normal poderia pensar sem ficar meio maluco. Destaque para o encontro de Arthur com o alienígena que está a fim de insultar todas as pessoas do universo (!) em ordem alfabética (!!), para o encontro com o sujeito que é morto diversas vezes por ele (só lendo para saber!), para a explicação das regras do críquete de um certo planeta doido e a festa mais destrutiva do mundo. Essas foram as partes que me vieram a cabeça agora, mas existem muitas outras.
Como sempre, tenho algo negativo para apontar... Que é exatamente a trama do livro, que fica no ar por muito tempo, e que só no final tem uma guinada. Sei que a trama não é o forte, mas tudo tem um limite e um parâmetro. O parâmetro são os outros livros da série, aonde encontrei uma sequência bem coerente dos fatos, com destaque para o primeiro, com a genial trama com o lendário planeta perdido e o supercomputador. Outra coisa: os personagens infelizmente não tiveram o destaque que precisavam. Ford está bem sumido, assim com o engraçadíssimo Marvin. Arthur Dent é o protagonista absoluto, sem dar chance para os outros personagens, também tão queridos dos leitores.
Se você prioriza as piadas e o humor, talvez esse livro te agrade mais do que os anteriores, pois ele é o mais engraçado até aqui. Mas se a trama e os personagens dela também ocupam espaço cativo em sua opinião, então talvez ele esteja abaixo da qualidade dos outros. É exatamente o que acho, comparando com o primeiro e segundo volumes: há uma queda perceptível de coesão na trama, na seqüência dos acontecimentos e na importância e participação dos personagens.
Concluindo: essa é uma obra memorável, que é para mim referência no quesito ficção científica e humor, com um grau crítico notável e uma inteligência e criatividade fora do comum. Como já explicado, é inferior em certas coisas em relação aos primeiros, mas se mantém firme e forte na sua essência.
Recomendo muito!