Ju 12/01/2014O PessegueiroEu tive um professor de teatro muito querido que sempre disse que peça boa é aquela que você assiste e te deixa tão sem reação que você vai para o bar com os amigos depois e o chopp esquenta, de tanto que ela mexe com você. Você não consegue comer, não consegue falar, não consegue fazer nada além de pensar sobre o que acabou de assistir. Foi essa a reação que eu tive após terminar a leitura de O Pessegueiro. Não sei se serei capaz de transmitir o quanto o livro é maravilhoso, mas preciso tentar.
Willa Jackson sempre se sentiu deslocada. Sua família já foi uma das mais ricas de Walls of Water mas, quando ela nasceu, isso já era um passado distante. Durante seus 30 anos de vida, não teve sequer coragem de visitar a antiga casa da família, a Blue Ridge Madam, embora invadi-la seja uma espécie de tradição na cidade. Dizem que o local é mal-assombrado, e todos que já entraram na casa testemunharam ter visto um chapéu flutuando por lá...
Paxton Osgood, uma socialite completamente moldada pela mãe, ex-colega de Willa, toma para si a tarefa de reformar a mansão. E, para reinaugurá-la, decide oferecer um baile em homenagem aos 75 anos da fundação do Clube Social Feminino, que foi criado por sua avó, pela avó de Willa e por mais quatro garotas. O clube angaria fundos para ações sociais, patrocina eventos culturais e concede bolsas de estudo. Mas será que foi para isso que ele realmente foi criado?
"Segredos nunca permanecem sepultados, independentemente do esforço que você faça."
Paxton e Willa são, cada uma à sua maneira, infelizes e solitárias. Mas não têm consciência disso, até que algumas coisas começam a acontecer e elas precisam parar para pensar no rumo que suas vidas tomaram.
"- Toda vida precisa de um pouquinho de espaço. Isso deixa lugar para que coisas boas entrem."
Eu me apaixonei instantaneamente pela capa do livro. Ela tem uma delicadeza rara de se ver. Essa delicadeza está presente também na história. E é impressionante como a autora conseguiu me atingir lá no fundo, me colocar na pele das pessoas às quais ela me apresentou. Me comovi com muita coisa nesse livro, mas principalmente com a história de Paxton. Quando uma coisa realmente boa aconteceu na vida dela, tive que parar de ler um pouco porque tive uma crise de choro absurda. Não pensem, por isso, que o livro é um drama. É que eu achei tão lindo o que aconteceu, e fiquei tão feliz por ela, que não me aguentei.
"- A felicidade é um risco. Se você não sentir um pouquinho de medo, não está fazendo a coisa certa."
Pois é, sei que estou falando das personagens como se elas realmente existissem. Mas quem disse que não existem? Tenho certeza que muita gente passa por conflitos parecidos com os delas. Queria abraçá-las, dizer que tudo ia dar certo. Dizer que eu admirava muito a capacidade e a coragem que tiveram de mergulhar dentro de si mesmas para descobrir quem elas eram.
"- Nós somos quem somos. É surpreendente como influímos pouco nisso. Uma vez que você aceita isso, o resto é fácil."
O Pessegueiro fala de amor, de relacionamento familiar, de amizade, de confiança. É um livro capaz de mudar a vida de alguém. Com certeza me fez refletir muito.
Estou descobrindo preciosidades neste início de ano. A Sarah já virou autora preferida, e pretendo ler tudo dela que for publicado por aqui. Começando pelo outro livro que a Planeta publicou, A Garota que Perseguiu a Lua. Sempre ouvi elogios com relação ao trabalho da autora, mas só agora consigo entender o quanto ela é talentosa. Espero que todos vocês tenham a oportunidade de ler algo escrito pela Sarah.
site:
http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2014/01/resenha-planeta-o-pessegueiro.html