PorEssasPáginas 27/02/2014
Resenha Dupla O Pessegueiro - Por Essas Páginas
O Pessegueiro foi o nosso primeiro livro que recebemos de parceria com a Editora Planeta e também foi nossa primeira leitura da autora Sarah Addison Allen. Esse é um romance leve e agradável, porém não muito empolgante, que foca bastante nos relacionamentos dos personagens ao mesmo tempo que mistura uma trama de mistério com um toque sobrenatural. Vamos lá saber o que a Karen e a Lucy acharam do livro?
Logo no começo do livro conhecemos Willa Jackson, uma jovem que descende de uma família antiga que viu sua fortuna ser arruinada anos antes; isso aconteceu na época de sua avó, que chegou a viver tanto os tempos de ouro quanto a decadência da família. A avó Jackson morava em uma grande casa no topo de um morro quando, mais ou menos durante sua adolescência, a família perdeu tudo. Nessa época algo sinistro também ocorreu quando um homem misterioso apareceu na cidade de Walls of Water e encantou todas as mulheres, destruindo corações e amizades. Diziam que esse homem tinha algo de mágico, sobrenatural. Nessa mesma época, a avó de Willa e a avó de Paxton Osgood fundaram o Clube Social Feminino, que perdura até os dias atuais. Paxton é a segunda personagem que conhecemos no livro e ela é a presidente do clube; é de uma família abastada, mas infeliz, pois se sente sozinha e ainda mora com os pais. Já Willa só quer viver tranquilamente, esquecer os anos insanos de sua adolescência, quando era a piadista da escola e vivia aprontando; enquanto Willa é uma mulher independente, Paxton o aparenta ser, mas é o extremo contrário. Porém, ambas as mulheres têm um quê de amargura e suas vidas são interligadas nesse livro por um segredo de família do passado e por um forte e inesperado laço de amizade.
O Pessegueiro é um romance bem leve e tranquilo. Achei que também foi um pouco voltado para o drama, quando se trata das protagonistas. Não espere muitas reviravoltas; apenas a história do pessegueiro que dá o título do livro e o segredo das avós de Willa e Paxton dão algum movimento a ele. Eu gostei do mistério quase sobrenatural que pairava sobre o pessegueiro, achei até que teria mais pano para manga em torno desse mistério, mas esse não era o verdadeiro foco do livro. Pensem simplesmente em amadurecimento das personagens, a importância da amizade e, óbvio, o amor e teremos aí um romance. O mistério em torno do pessegueiro pelo menos fez aproximar duas pessoas que poderiam, ou até deveriam, ter sido amigas há muito tempo, mas por se acharem tão diferentes uma da outra acabaram se afastando.
Durante a história, o irmão de Paxton, Colin, retorna à cidade, aproximando-se de Willa, enquanto Paxton mantém uma amizade que poderia ser algo mais com um antigo colega de sala, Sebastian. Há muitas indas e vindas, muitos “talvez”, muitas indecisões e inseguranças, mas… bem, vocês já sacaram, né? Sim, é um romance um tanto quanto previsível.
Já eu não achei o romance tão previsível, porque as personagens eram muito inseguras no início e fiquei imaginando se ficaria tudo no “chove-não-molha” até o final (mais ou menos). Em todo o caso, todos ali tinham dúvidas sobre se o que estavam sentindo era “certo” ou ainda se valeria a pena arriscar a amizade com um romance que poderia ser breve – e pelo que vi ninguém queria algo assim. Nesse ponto eu fiquei torcendo muito principalmente pela Paxton, que se encontrava em uma situação extremamente delicada com Sebastian, uma vez que no passado ela viu algo que a fez acreditar que ele nunca a olharia como uma companheira ideal.
“A felicidade é um risco. Se você não sentir um pouquinho de medo, não está fazendo a coisa certa.”
A narração é realizada em terceira pessoa, por vezes na visão de Paxton, por vezes na de Willa, uma ou outra vez na visão de outros personagens. As personagens principais são cativantes, mas isso não é regra para o restante do livro. Além de Paxton e Willa, só consegui me encantar com a avó Osgood e com a história dela e da avó de Willa no passado. Para mim, essa foi a melhor parte do livro, o segredo do pessegueiro. Eu gostei bastante da Rachel, amiga da Willa e toda aquela história de conhecer a personalidade da pessoa pelo tipo de café que ela toma. A nana Osgood é uma senhora bastante temperamental e sem papas na língua, isso quer dizer que é muito fácil gostar dela. Graças a ela e sua história é que Paxton reavalia sua vida e toma finalmente uma decisão. Também gostei do carisma de Colin, mas algo nele me incomodou, assim como Sebastian. Parecia que os dois eram mais acomodados e, apesar de Colin tomar atitudes para conquistar Willa, nenhum dos dois demonstrou atitude para mudar a própria vida, pelo menos até próximo do final do livro.
Todo o restante foi morno, previsível e um tanto lento. É o tipo de livro que provavelmente seria melhor se não tivesse tanta enrolação. (Eu acho que na verdade não é seu estilo de livro rsOk, você tem razão, Lu… O_o). Há várias cenas que parecem não acrescentar muita coisa à história, só enchem páginas e mais páginas. Isso acabou tornando a leitura um pouco cansativa para mim.
Embora eu tivesse matado a charada assim que descobriram os ossos no pessegueiro, eu gostei bastante da leitura. Não achei tão morna, como a Karen falou, mas sim, um pouco lenta. Algumas cenas eram mais descritivas, mas isso não atrapalhou minha leitura em momento algum.
“As pessoas sempre dizem que a vida é curta demais para arrependimentos. Mas a verdade é que ela é comprida demais.”
Outra história que me encantou – e acredito que no fundo essa seja realmente a mensagem que o livro queira passar – foi a improvável amizade, um sentimento gradual e encantador, de Paxton e Willa. E aqui eu aplaudo a autora, pois criar um relacionamento crível de amizade é tão difícil quanto criar um relacionamento amoroso. E, dentre todos os relacionamentos do livro, esse foi o que mais gostei. Sim, também gostei muito da amizade de Paxton e Willa. Embora no começo tenha sido difícil confiar uma na outra, já que antes elas mal se falavam, a forma como a amizade cresceu foi tão suave que elas mal se deram conta de que de repente eram amigas. Eu adorei isso e concordo com a Karen: é tão difícil criar um relacionamento de amizade crível quanto um relacionamento amoroso. Confesso que esse relacionamento foi o que mais convenceu na história. Sim, sim, foi o melhor!
A parte sobrenatural do livro foi inserida ali em vários pontos da história, mas pouco explicada. Inclusive uma cena que acontece no início do livro foi completamente bizarra e não teve explicação alguma, nem quando toda a história foi revelada no final. E eu gostaria de entender mais sobre essa questão sobrenatural que envolvia a cidade. Enfim, foi um furo que não me agradou e não perdoei.
Eu acho que teria que ler de novo essa cena para tentar entender porque ela aconteceu. Todo o sobrenatural ali parecia na verdade envolvido no pessegueiro. Acho que a única que poderia responder essa pergunta seria Nana Osgood, principalmente depois de vermos uma cena do passado em seu ponto de vista. Mas enfim, só em um próximo romance, quem sabe.
A edição foi muito caprichada. Não encontrei muitos problemas de revisão e um detalhe muito cuidadoso e sensível foram as páginas de início dos capítulos, com letras inclinadas como os galhos de um pessegueiro. Só vendo mesmo uma imagem para apreciar o capricho da Editora Planeta nessa questão editorial.
Eu achei a edição linda, sem tirar nem por. Pronto, falei.
Se você está procurando uma leitura despretensiosa, tranquila, que traga uma mensagem positiva e algum romance, O Pessegueiro é seu livro. No entanto, não espere muita emoção nem surpresas. É para ler e se distrair por alguns dias, mas nada que vá arrebatar o leitor e fazê-lo se lembrar por muito tempo da história.
Para aqueles apaixonados por romance eu já acho que O Pessegueiro será uma leitura mais cativante. Vocês com certeza vão gostar, a forma como a amizade e o romance se desenvolvem é bem bacana. Quanto às surpresas, realmente, não é uma história arrebatadora, mas não deixa de ser encantadora.
site: http://poressaspaginas.com/resenha-dupla-o-pessegueiro