House of Chick 13/10/2013
No primeiro livro da série distópica juvenil escrita por James Patterson em parceria com Gabrielle Charbonnet, “Bruxos e Bruxas”, conhecemos os irmãos Whit e Wisty Allgood, que não sabiam que tinham alguma ligação com bruxaria, mas que foram presos por esse motivo, que é um crime conta a Nova Ordem. No momento da prisão, no entanto, os jovens foram pegos em sua casa de surpresa durante a madrugada, e ficaram sem entender o que estava acontecendo, achando que havia um engano naquela prisão repentina.
Quando são levados, eles são informados de que podem ter um objeto pessoal cada um, e seus pais lhe entregam uma baqueta de bateria e um livro em branco (por isso o kit lindo que a Novo Conceito preparou veio com esses dois objetos), que eles não entendem por acharem, aparentemente, que são inúteis. Até que, mais para frente na história, acabamos descobrindo para que servem.
Enquanto isso, milhares de outros jovens também estão sendo acusados e sequestrados, alguns são presos e outros ficam desaparecidos. Tudo está acontecendo porque agora há um novo governo opressor, o regime da Nova Ordem, sob o comando de O Único Que É O Único, que acredita que todos os jovens com menos de dezoito anos não são confiáveis e, portanto, suspeitos de conspiração. Ele também não poupará esforços para extinguir qualquer forma de liberdade, além de acabar com os livros, a música, a arte e, principalmente, a magia.
Mas os irmãos Allgood não vão se conformar tão facilmente e vão lutar por aquilo que acreditam, buscando o direito de serem livres, reconquistarem a paz e a liberdade de expressão. Resta saber se eles vão conseguir o que desejam.
Como fã de distopia e sobrenatural, logo fiquei super curiosa para conhecer a trama de “Bruxos e Bruxas”, que reúne essas duas coisas em uma, tipo de leitura (essa mistura) inédita para mim até o momento. Também queria ler algo do autor de mil facetas, por ser escritor de diversos estilos diferentes, James Patterson, já que nunca havia lido nada dele e todo mundo fala muito bem de sua escrita. Além do mais, a Editora Novo Conceito fez uma ação de Marketing sensacional para o lançamento desse livro, com direito a invasão por parte dos personagens nas redes sociais da editora, os parceiros também receberam carta e CD em suas casas, nos deixando cheios de expectativas para conhecer logo a história, e comigo não foi diferente. Assim que o livro chegou, logo o passei na frente da minha fila de leituras e o devorei rapidamente.
Porém, admito que estava esperando por algo mais intenso e sombrio, e não é nada disso que encontramos aqui. Apesar disso, gostei bastante dessa distopia, que é bem diferente de todas que eu li anteriormente, pelo seu teor leve e cômico, sendo, assim, indicada para leitores de todas as idades.
A narrativa é em primeira pessoa, minha preferida, e os capítulos são intercalados entre os dois protagonistas, os irmãos Whit (menino) e Wisty (menina), o que eu gosto bastante porque conseguimos acompanhar ações e pensamentos em momentos diferentes e de maneiras distintas. Mas, admito que sempre me confundia com esses apelidos dos personagens, que são bem parecidos e não tão fáceis de distinguir masculino de feminino, demorei um tempo para me acostumar com eles. Além disso, o estilo de narrativa dos capítulos e as personalidades, mesmo sendo um menino e uma menina de idades diferente, são parecidos, apesar de apresentarem algumas características individuais, diferentes um do outro, o que também contribuiu para minha confusão de quem era o protagonista da vez.
Esse é um livro introdutório, então conforme a leitura avança é que vamos descobrindo, junto com os protagonistas, sobre tudo que está acontecendo, sobre o que é esse novo governo, os “crimes” que eles cometeram, os locais que conhecem e aqueles que antes eram desconhecidos por eles, seus poderes e do que são capazes de fazer.
Sobre os irmãos Allgood, gostei de suas personalidades, só acho que a linguagem utilizada fez com que parecessem muito infantis, e não condiz com as idades deles. Me convenceriam mais se dissessem que tinham no máximo quatorze anos, e não quinze e dezessete.
Whit é o mais velho, bom moço, loiro, atlético e lindo, que não tem noção de sua boa aparência, já Wisty é uma baixinha ruivinha que não leva desaforo para casa, responde logo, tem língua afiada, é teimosa, e adora uma encrenca. A relação entre os dois soou bem real para mim, e gostosa de acompanhar. Também achei ótima a quantidade de ironia, piadinhas, e comentários cômicos que esses dois soltavam o tempo inteiro, mesmo em situações de perigo ou tensas, já que deixou o clima da leitura mais leve. Os pais Allgood não apareceram tanto, mas deixaram a impressão de que escondem muitos segredos, e estou louca para descobri-los.
Nossos protagonistas passam por situações bem ruins enquanto vivem uma aventura em busca da sobrevivência e liberdade, eles foram torturados, chicoteados, tiveram que passar por perturbações psicológicas, habitar lugares sujos, ficar em uma prisão de Segurança Máxima contra magia, fugir de pessoas, animais, e, ainda, de personagens que parecem zumbis fantasmas. Para se livrarem de uma ordem de execução contra eles, vão contar com a ajuda de diversos outros adolescentes fugitivos e Celia, a namorada de Whit que foi capturada anteriormente pela Nova Ordem.
Com uma linguagem rápida, e capítulos curtos, a leitura flui com tanta facilidade que dificilmente o leitor vai demorar muito para chegar ao fim do livro. O lado distópico foi bem desenvolvido e explorado, só que de forma leve, deu para conhecermos bastante desse governo opressor que inspira medo e trata mal os jovens. O cenário também foi bem explicado, visitamos, inclusive, outras dimensões, como a Terra das Sombras. A magia é bem explorada e os protagonistas descobrem os poderes que têm, como pegar fogo, flutuação, etc., conforme as páginas são avançadas.
Não gostei do final simplesmente pelo fato de que ficamos sem a resposta para o modo como o livro começou (prólogo) e isso é meio irritante porque fiquei com a expectativa sobre isso o livro inteiro, então achei errado ter terminado sem respostas. Com certeza se não existisse o prólogo, mas terminasse ali, nos deixando curiosos sobre o que viria no próximo volume, teria gostado muito mais.
Agora só estou super ansiosa para ler o segundo volume, O Dom, lançamento de outubro da Novo Conceito, que foi escrito por Patterson, mas dessa vez em parceria com Ned Rust, e também quero ver como serão as diferenças de escrita e desenvolvimento.
Depois de terminar a história em si, há o “Trechos da Propaganda da Nova Ordem”, falando sobre livros, filmes, etc., baseados nos reais que já conhecemos (como Harry Potter, A Invenção de Hugo Cabret, Jay-Z, Frida Kahlo, entre outros) e com comentários hilários de O Único. E depois há algumas explicações sobre termos utilizados no livro.
Sobre a parte gráfica, acho essa capa linda, o B em alto-relevo com verniz localizado na cor laranja está ganhando destaque com o fundo preto, e acho muito legal essa silhueta dos jovens ali no meio do fogo, admito que não vi da primeira vez que olhei a capa. O título e o nome de James Patterson também estão em alto-relevo, só que na cor dourada. Até a logo da Novo Conceito e o QR Code estão em chamas, para seguir o padrão do B. A capa é em soft-touch (aquele do toque aveludado) e eu adoro. A diagramação está bem simples, exceto por um tipo de mapa que é encontrado no meio do livro, com fonte grande e com ótimo espaçamento entre palavras e parágrafos, auxiliando numa leitura mais rápida.
"Bem-vindo ao seu pior pesadelo, ou talvez um que você não consegue nem imaginar. Um mundo onde tudo mudou. Sem livros, sem filmes, sem música, sem liberdade de expressão. Todos com menos de dezoito anos não são confiáveis. (...) Que mundo é este? Onde alguma coisa desse tipo poderia ter acontecido? Essa é a questão. A questão é que realmente aconteceu. Está acontecendo agora conosco e se você não parar e prestar atenção, seu mundo poderá ser o próximo."
Apesar do tema, essa é uma essa leitura descontraída e eu indico para todos que gostem desse tipo de literatura, com cenas cômicas, que me fizeram rir bastante, situações de tirar o fôlego, personagens peculiares, muitas cenas de ação (algumas delas bem tensas), e uma ótima (e bem desenvolvida) distopia.
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