I7bela 21/11/2023
Quando jogamos as palavras “holocausto” no google as primeiras imagens que temos remetem as da Segunda Guerra Mundial e parecem fazer parte de um passado distante e nunca nosso. Nunca aqui. No entanto, ao folhear o livro “Holocausto Brasileiro” da jornalista Daniela Arbex, conheci um passado nem tão distante assim e nem em outro continente, mas aqui neste Brasil. Um passado que dizimou 60 mil vidas, a perda de humanidade de milhares de famílias e encarceramento em massa.
No “Colônia” hospital psiquiátrico de Barbacena em Minas Gerais centenas de pessoas viviam em condições sub-humanas e até mesmo em suas mortes geravam lucro ao Estado, tendo seus corpos vendidos para hospitais de medicina. Essas pessoas tinham nomes, sobrenomes, famílias, por vezes endereço fixo, mas eram somente números para a politica hegemonista que vive neste país até os dias de hoje. Foi uma das leituras mais duras que fiz, pois são histórias reais de mulheres abusadas por seus patrões, tendo filhos separados, nomes e sobrenomes apagados, homens de cabeça raspada, uniforme azul e nenhum tratamento para SERES HUMANOS, pessoas largadas à própria sorte, doentes deixados para morrer, era a morte a céu aberto, financiada e executada. Ratos, pombos, urubus, urina, fezes, camas de palha eram a realidade de centenas de pessoas que adentraram ao Colônia e nunca mais saíram.
Eram internados pessoas sem diagnóstico de “loucura”, sendo eles: homossexuais, prostitutas, mendigos, melancólicos, pessoas tímidas, esquizofrênicos, mães solteiras e etc. Eram os “incômodos” sociais que eram submetidos, muitas vezes, a lobotomia, eletrochoques, jatos de água gelada, cama de palha, ração de comida e condições desumanas de higiene pessoal. Um retrato do Brasil que conhecemos tão pouco, mas que é tão vergonhoso; vítimas morreram dentro dos muros do hospital Colônia e amontoados seus corpos serviram de lucro. É inacreditável que algo tão chocante aconteceu, realmente aconteceu aos olhos do Estado, da opinião pública e nada ou quase nada foi realmente feito. Diversas denúncias de jornalistas acompanham a história do Colônia, mas pouco foi feito. (...)