Psychobooks 22/07/2014
Classificado com 2,5 estrelas
- Remake da Branca de Neve - aka: Cadê Evil Queen? < 3
Já repararam como está na moda reescrever contos de fadas? Sarah Pinborough não ficou para trás e montou uma série chamada "Tales From the Kingdoms", aqui no Brasil traduzida como "Saga Encantadas". O primeiro livro reconta a história de Branca de Neve (mentira, conta a história da Evil Queen!), o segundo "Feitiço", remontará a história de Cinderela e o terceiro "Beauty", o de Bela Adormecida (mentira! Contará a história da Maleficiente!)
Eu adoro vilões! Acho que a construção deles é muito mais elaborada do que a dos protagonistas, que usualmente são mais planos e previsíveis. Quando li a frase "Repense seu vilões" na capa do livro "Veneno", logo me empolguei imaginando como Evil Queen se apresentaria.
O livro conta, basicamente, a história de Branca de Neve como a conhecemos. A linha é a mesma, mas com algumas surpresas durante a leitura.
- Narrativa e desenrolar da história
A autora escolheu contar sua história em terceira pessoa. As visões se alternam, basicamente, em três personagens - Evil Queen, o Caçador e Branca de Neve -, mas há alguns momentos em que a autora mostra outras perspectivas.
A autora começa bem, nos apresentando a Rainhá Má, que nesse livro atende pelo nome de Lilith. As descrições, nesse início, são ricas e a autora consegue passar superbem o clima proposto pela remontagem. Lilith é o oposto de Branca, tanto emocionalmente quanto fisicamente, e esse contraponto na aparência das duas dá um visual bacana para o leitor. Ficam como gelo e fogo.
No entanto, esse enfoque inicial em Lilith se estende por tempo demais, dando à Branca de Neve pouco tempo para se mostrar quando finalmente chega a hora de contar a sua história.
A partir do segundo terço do livro, a impressão que tive foi que Sarah se perdeu. A história começa bem, com frases de impacto e a promessa de uma boa leitura, mas quando Branca de Neve toma para si a narrativa, o livro perde o encanto.
Isso fica ainda mais evidente quando o caçador surge na história. O que era para ser uma entrada apoteótica, que daria toda a reviravolta no livro, torna-se apenas a inserção clichê de um personagem clichê que, apesar de ter um papel importante, não é bem aproveitado.
- Construção dos personagens
Os personagens são icônicos, e para haver a identificação com o leitor, é necessário que o autor tome dois caminhos: ou remonte completamente suas personalidades ou seja fiel à elas.
Sarah se perdeu no meio entre as duas. Lilith foi a que mais me decepcionou. Como sou apaixonada pela Evil Queen, esperava muito mais da personagem e de sua interação com o Espelho.
Branca de Neve é apenas levada pelos acontecimentos, nada do que faz é relevante. Os sete anões seguem o mesmo caminho. Sarah deu uma missão importante ao Caçador, mas as cenas que seriam chave pela intriga causada por ele, ficaram pobres e sem sentimento.
O único personagem que verdadeiramente me surpreendeu foi o Príncipe Encantado.
- Vale a pena, Alba?
A autora escorrega em alguns momentos. A ideia de seu remake foi ótima, mas, para mim, sua escrita não estava à altura. Ela se estendeu demais em alguns momentos para acelerar em outros mais importantes.
A ideia central de sua história foi magnífica e o final me deixou com um sorriso nos lábios. A leitura é rápida, a diagramação, bem como a tradução e revisão da Editora Única estão excelentes, o que facilita a leitura.
Pena que o desenvolvimento foi falho. Recomendo, com moderação.
"O bater da porta cortou o resto da frase chocada de Branca de Neve, e dessa vez a rainha se lembrou de passar a tranca. Sua respiração enchia o aposento, mas agora estava lenta e calma. Um frio brotou em seu interior. Ela tornou a olhar para a bola de cristal. Havia uma nuvem negra em turbilhão em seu interior. Então que seja, pensou com raiva. Então que seja."
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