anahelena.blasilemos 28/08/2023
BONECO DE NEVE – de Jo Nesbø
Tom Jobim dividia sua morada entre Rio de Janeiro e Nova Yorque.
Naqueles deliciosos jogos de palavras em que ele era especialista, disse um dia que morar em NY era bom, mas era uma m**da. E que morar no RJ era uma m**da, mas era booooom!
Ler livro policial para mim é mais ou menos isso.
Não gosto porque fico tensa, fico tensa por isso não gosto, mas...
não consigo largar, quero saber as cenas dos próximos capítulos, talvez para acabar logo com a aflição, ufa, acabou.
Assim foi com esse Boneco de Neve, livro lido junto ao meu clube de leitura Volta ao Mundo Literária.
Eletrizante e desconfortável, como aliás deve ser esse tipo de literatura.
O investigador norueguês Harry Hole, bastante famoso por lá, é o típico anti-herói, o cara todo errado que contraditoriamente está sempre certo.
O elevado grau de sadismo e os consequentes requintes de crueldade do serial killer são responsáveis por dores de estômago e náuseas do leitor ... verdade verdadeira.
Doravante, encarar singelos bonecos de neve não será mais tão simples depois de conhecer esse monstruoso assassino que recebia essa alcunha em virtude de os assassinatos ocorrerem sempre quando a primeira neve caía, e o vestígio era um boneco, que ao invés de se exibir para a rua ficava virado de frente para a casa da vítima, encarando-a com seus sinistros olhinhos de pedras negras.
Os nórdicos são craques na construção dessas intrincadas histórias de assassinatos em série, com uma inventividade de mistério e crueldade completamente fora de meu alcance mental.
Os autores habitualmente se apoiam em fundamentos de moralidade tóxica com julgamentos falso puritanos em relação aos corpos e comportamentos femininos.
Parece haver uma dicotomia entre preconceitos embutidos no lado masculino das sociedades escandinavas em relação à liberação sexual de suas mulheres.
E diga-se de passagem, liberação bastante significativa e até invejada planeta afora.
Vá entender os preconceitos ...
PERSONAGEM: Harry Hole.
UMA CITAÇÃO: “Nós vamos morrer.”