Lari 19/04/2022Um absurdo de bom,mas difícilQue livro deliciosamente diferente! É meu primeiro livro da Charlotte Brontë, e simplesmente adorei. Realmente cada irmã tem um estilo único e separado das demais.
A escrita de Charlotte é sensível e desde do começo complexa, digo isso não apenas pelos diversos trechos não traduzidos,principalmente do francês, por exigência da própria autora, e só por essa amostragem podemos ter ideia de como essa escritora era tenaz; sua escrita é praticamente indireta, não temos uma visão "real" dos personagens,locais ou acontecimentos, ficamos completamente rendidos aos sabores e desabores de Lucy, sua visão de mundo, suas descrições variantes dos personagens e seu ponto de vista dos locais.
Em uma hora odiamos um personagem, porque Lucy o odeia, em outra o amamos,por que ela o ama e assim seguimos. Logo, essa não é uma história sobre Villette e sim sobre Lucy.
Achei fantástico a abordagem dada em 1850 (mais ou menos) sobre saúde mental, obviamente,não nesses termos e nem com a complexidade que temos nos dias de hoje,mas há menções durante todo o livro.
Diversos temas são abordados, diversos mesmo,mas os que mais me chamaram atenção e que preciso relatar aqui como motivos que valem a leitura são os seguintes: temos uma verdadeira briga contra a igreja católica, principalmente no sentido de obediência dos seus fiéis, já que Lucy é protestante; há um pé na busca por igualdade de gênero, tudo dentro da época,claro; temos um relato claro de uma ligeira aversão de casamentos com grandes diferenças de idade e sem amor ; e claro, muitas críticas ao amor que só nasce após o conhecimento da conta bancária do amado ou da amada.
É um livro difícil, complexo e que exige uma leitura contínua das entrelinhas, mas que vale cada palavra, cada letra.