sami 16/10/2021meio feliz meio tristetem muita música da loirinha que combina com a história:
Lucy e Graham: Mr. Perfectly Fine, gold rush, hoax, white horse, cold as you, invisible, dear john(graham bretton).
Monsieur:Paul.
Monsieur Paul e Lucy: happiness, my tears ricochet,evermore.
Segundo livro da Charlotte que eu leio, o primeiro foi Jane Eyre, que eu amei e devorei.
Pra mim os temas são parecidos, uma menina jovem e sem ninguém no mundo é forçada a ir em busca de sua independência para poder se sustentar. Por outro lado, a Lucy Snowe é diferente da Jane. Ela é bem retraída e raramente diz o que pensa. Ela não tem família, não é revelado o que aconteceu, mas isso teve tal impacto em sua vida que ela parece querer a qualquer custo evitar sofrer de novo, se fechando para o mundo e desenvolvendo uma espécie de misantropia: ela prefere ficar sozinha, mas ao mesmo tempo luta constantemente com a própria solidão.
Seus únicos laços no mundo são com a madrinha, Louisa Bretton, e seu charmoso e lindo filho, ELE MESMO, Graham Bretton. Inclusive a história se inicia com Lucy passando um tempo na casa deles, quando tinha 14 anos, aparentemente por conta do acontecimento que a deixou órfã.
Mais pra frente, a Lucy sem ter onde cair morta e com apenas uma pequena quantia que recebeu da sua falecida patroa, vai para a França, mais especificamente, uma cidadezinha chamada Villette, onde contando só com a sorte e com um *solícito cavalheiro*, chega ao internato de madame Beck. Lá, começa trabalhando como preceptora das filhas da madame, e após certos acontecimentos, vira professora de inglês. Sua natureza anti-confronto permite que ela faça vista grossa para os "métodos" que Madame Beck usa para manter o controle do internato:espionar tudo e todos, mexer nos objetos pessoais e inspecionar os aposentos sem ser vista(ou pelo menos ela acha que tá sendo a espiã né, já que a Lucy descobre isso bem rápido), incluindo os dos professores.
Vamos falar do Graham. Ele é bonito, ele é charmoso, ele tem uma "ótima" personalidade... e ele também não tá nem aí pra Lucy. Até eu me iludi junto com ela por um tempo. Ela foi só uma distração momentânea, ele nunca a viu com interesse, nem romântico nem enquanto indivíduo, nada. Comparou ela com uma sombra, inofensiva; ele tinha uma impressão super rasa dela(mesmo tendo passado bastante tempo com ela até), além de usá-la para seus arranjos amorosos(queria tanto que ela tivesse dado um fecho nele). Durante muito tempo me perguntei se ela gostava dele romanticamente, porque mesmo sendo narrado do ponto de vista dela, Lucy só revelava o que queria, do jeito que queria, tinha que ir catando as informações, e aí chegar à conclusão de "hmmm com certeza essa mona gosta dele". A maior revelação mesmo foi o período das cartas. Aquilo ali foi foda vius kkkk coitada.
Vamos falar sobre ele, o motivo do meu revirar de olhos e franzir de sobrancelhas durante grande parte do livro: Monsieur Paul Emanuel. Pense num cara IN-SU-POR-TÁ-VEL!! Eu passei mais da metade do livro xingando ele no skoob. Ele é um lixo de homem, vivia de discutir e brigar com a Lucy, repreender, envergonhar, humilhar, seguia a menina por aí(primo de quem?isso mesmo, da madame xereta beck). Eu fiquei pensando: esse cara é mesmo uma opção de """"interesse romântico ''??''?????? Ele fez uma coisa boa por ela no fim do livro e *tcharam*, é como se apagasse tudo que ele fez e disse no livro inteiro(aham). Ao meu ver, ela só se interessou por ele porque ele era a única opção, foi totalmente circunstancial: só tem tu então vai tu mesmo.
Depois de ler esses dois livros da Charlotte, Jane Eyre e Villette, pude ver que ela tem uma ideia errada de amor e de relacionamentos, dedo podre pra homem, porque no fim, tanto Jane quanto Lucy, mulheres jovens, ficam com homens beeem longe de serem os pares ideais, e que tiveram comportamentos abusivos e/ou manipuladores durante a história. Villette é notavelmente autobiográfico, então daí dá pra tirar(não deixa de ser uma boa obra, e ela, uma escritora à frente do seu tempo).
Dizem que há ambiguidade no final de Villette, mas para mim, depois de ler os parágrafos finais 5 vezes, ficou claro que o pior aconteceu. Fiquei curiosa para saber o que se passou depois. Talvez ela tenha caído em desespero, a única pessoa com a qual ela tinha laços no mundo se foi. Pra mim não foi tipo, TRISTE, porque eu achava ele um lixo, eu fiquei mais triste por ela. Mas se for pensar bem, agora ela tem seu próprio lugar, seu ganha pão, e pode viver uma vida digna sem precisar ficar devendo nada pra ninguém. A vida é totalmente dela pra fazer o que quiser. Talvez isso que mais a assuste: ficar sozinha com a própria companhia.