spoiler visualizarAlicia 04/03/2021
Livro poetico e cheio de facetas
Leitura feita em 2020.
Livro um pouco difícil e com um estilo de narrativa diferente da "normal", por assim dizer. É escrito em primeira pessoa pela Srta. Lucy Snowe.
Lucy é inglesa, o livro começa com ela adolescente contato dos dias passados na casa de sua madrinha.
Depois disso alguns anos se passam, ela sendo órfã decide ir para França na cidade de Villette e é lá que toda a história se passa. Lucy vai chegar a um pensionato, vai torna-se babá das filhas de Madame Beck, depois professora de Inglês.
O desenvolver do livro trás a vida de Lucy, ela vai contato em primeira pessoa seu dia dia e fala sobre si mesma, seus pensamentos e suas reflexões acerca de tudo que vivencia.
Gostei muito de algumas passagens, me emocionei e me surpreendi com as reviravoltas de alguns personagens, porém em alguns momentos me senti perdida porque a Lucy divaga tanto sobre tantas coisas que isso fazia com que eu não entendesse bem o que estava se passando em alguns pontos da leitura.
O livro é poético e ao mesmo tempo confuso. A história no geral é muito boa, você acompanha a trajetória da Lucy que passa por diversas situações. Ela tem uma personalidade forte e é encantadora.
É importante mencionar que o livro foi escrito em 1853, onde o papel das mulheres era bem definido, ou seja, se você fosse mulher poderia trabalhar como: babá, governanta, professora ou doméstica. Existiam essas opções caso você não fosse de uma família nobre, o que no caso era a situação em que Lucy se encontrava.
Diante disso, Lucy faz muitos questionamentos sobre o amor e a vida. Ela batalhar muito, corre atras de seus objetivos e esse processo de crescimento é muito agradável de se ler.
Como disse, me senti tocada em muitos momentos. Pode-se dizer que Lucy é uma das primeiras feministas do mundo e fez isso sem se dar conta. Ela não queria depender de ninguém e não demonstra interesse em se casar. Tem até uma passagem que ela recebe uma proposta de ser dama de companhia de uma moça que gosta muito dela, lhe é oferecido receber três vezes mais do que ela ganha como professora de inglês para Madame Beck e ela recusa, porque afirma que dando aulas ela tem chance de crescer e ser mais, e como dama de companhia seu futuro seria incerto e ela não queria correr esse risco.
Como disse, Lucy é encantadora e sua forma de ser e agir é muito tocante e surpreendente para a época em que ela vivia.
Para além disso temos também a questão de que Lucy é protestante. Ela vai para França e lá ela se depara com os franceses que em suas maioria são todos católicos e que vêem o fato de ela ser protestante com muito preconceito. Tem uma passagem que a Lucy conversa sobre isso com M. Paul, que é um personagem bem importante na história, professor também na mesma escola, onde conversam abertamente sobre isso e é muito legal o diálogo porque você consegue perceber o amadurecimentos dos dois e como o que cada um deles pensa de fato gera uma reflexão e transforma ambos. Essa foi uma das passagens que mais gostei.
Tem também outros pontos interessantes, como a falta de auto estima da Lucy, ela se coloca muito pra baixa em diversos momentos, não se acha bonita nem digna de muitas coisas. Ela vê a vida como sofrimento em vários pontos da narrativa, confesso que chegava a ser incomodo, porém é a natureza dela ser assim, ela passa por um processo de mudança e isso é muito legal de acompanhar.
Enfim, é um livro grandinho, mas que vale a pena apesar de ter algumas passagens densas e confusas.
A Lucy é muito encantadora, como já repeti algumas vezes.
O final é bem surpreendente, como já disse também, o amadurecimento dos personagens é o que mais fica e marca, pois mostra que estamos sempre em processo de crescimento, sempre podemos aprender e melhorar e a vida é algo que merece ser aproveitado o máximo possível. Nada é eterno, todos estamos sujeitos a sermos afetados pelas coisas e pelas pessoas e eu acho que isso nos torna cada vez melhores enquanto pessoas.