Jessica Becker 25/09/2017Perdido em Marte, de Andy Weir“- Como deve ser? – perguntou. – Ele está perdido lá. Acha que está totalmente sozinho e que desistimos dele. Que tipo de efeito isso pode surtir no psicológico de um homem? (…) “ ( pág. 64)
Imagine que você é um astronauta muito bem treinado e está em sua primeira missão, em Marte. No seu sexto dia no planeta vermelho, uma tempestade de areia com ventos a 175km/h chega rapidamente. Algo o atinge e você fica inconsciente. Quando acorda, percebe que está ferido, seu traje espacial está quase sem oxigênio e o restante da equipe, pensando que você estivesse morto, partiu de volta para a Terra.
Você está preso em um planeta com pouca gravidade, sem água, sem oxigênio e sem um único organismo vivo. A pouca comida que tem, será suficiente apenas para algum tempo. E o pior de tudo: o objeto que o feriu era uma parte da antena utilizada para comunicação. Ou seja: não existe a possibilidade de você entrar em contato com outra pessoa para avisar que está vivo. Desesperador, não?
“Então esta é a situação: estou perdido em Marte. Não tenho como me comunicar com a Hermes nem com a Terra. Todos acham que estou morto. Estou em um Hab projetado para durar 31 dias. Se o oxigenador quebrar, vou sufocar. Se o reaproveitador de água quebrar, vou morrer de sede. Se o Hab se romper, vou explodir. Se nada disso acontecer, vou ficar sem alimento e acabar morrendo de fome. Então, é isso mesmo. Estou ferrado.” (pág. 14)
Para Mark Watney nem tanto. Diante de toda essa situação e de cada novo problema que surge (e, acredite, são vários) o personagem demonstra um bom humor admirável. Além disso cada solução por ele apresentada é uma aula de química, física, matemática e até mesmo botânica.
“Meu Deus, eu daria qualquer coisa para conversar cinco minutos com alguém. Qualquer pessoa, em qualquer lugar. Sobre qualquer assunto.” (pág. 96)
“- Tudo bem. A senhora sabe que tenho que fazer esta pergunta: o que está passando pela cabeça dele neste momento? De que maneira um homem como Mark Watney reage a uma situação como essa? Encurralado, sozinho, sem saber que estamos tentando ajudar?” (pág. 88)
Contado ora com uma narrativa normal ora com diários de bordo de Mark, Perdido em Marte é um livro hilário. Ri bastante com o sarcasmo do personagem principal e aprendi muito com as soluções por ele apresentadas. Concomitantemente, senti a sua angústia e, em seu lugar, acredito que estaria demasiado nervosa para conseguir pensar claramente em como resolver algumas situações.
“Dizem que nenhum plano sobrevive ao primeiro contato com a prática. Sou obrigado a concordar.” (pág. 43)
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