Claudia - @segunda.opiniao 05/12/2022Comecei a ler Fúria Vermelha esperando uma história arrebatadora, pois a fama do livro o precede, mas grazadeus o título superou, e muito, minhas expectativas.
A trama se passa em Marte e é narrada em primeira pessoa por Darrow, um rapaz de 16 anos que nasceu, mora e trabalha no subterrâneo desse planeta. Apesar da pouca idade, o jovem já é casado, além de ser um importante escavador de um minério essencial chamado hélio-3. (A expectativa de vida deles é bem baixa). Darrow e sua família vivem sob uma hierarquia de cores, na qual os governantes são os Dourados e a classe mais baixa, aqueles que realizam o trabalho braçal, e que ganham bem pouco por isso (quase nada), são os Vermelhos, que é justamente a cor de Darrow e sua família, mas tem muitas outras cores aí no meio.
Apesar da vida sofrida, Darrow acredita que está realizando um trabalho muito importante. Ele acha que está preparando o planeta para que gerações futuras, vindas de uma Terra defasada, possam habitá-lo. Além disso, o garoto está muito satisfeito com a vida que leva, pois tem a profissão que desejava quando era criança e uma esposa que ele ama acima de qualquer coisa, mas as coisas mudam de figura quando uma tragédia sobrevêm sobre sua família e ele se vê impotente, sem ter como reagir, por causa de sua condição inferior; por causa de sua cor. Isso vai causar muita revolta no jovem, e ele vai acabar se juntando com os Filhos de Ares, ou seja, a rebelião que se opõe ao sistema opressivo das cores. Darrow é convencido a encarar um plano bem audacioso, que visa infiltrá-lo entre os poderosos Dourados e implodir o sistema do lado de dentro; lá de cima.
O que posso dizer é que esse livro é emocionante. Pierce Brown, o autor (super gatinho, só pra registrar) não teve medo de ousar, pois misturou uma trama futurista, muita tecnologia avançada, com lutas medievais – ponto para sua criatividade. É claro que, durante a leitura, vemos nitidamente influências de outras obras de sucesso, mas mesmo assim, Fúria Vermelha tem suas particularidades.
É lindo de ver a maneira como os personagens são trabalhados aqui. Todos eles têm profundidade, todos tem seus ideais e são coerentes com suas cores, com suas trajetórias de vida. Claro, destaque para Eo, Sevro e Mustang.
Já o Darrow me ganhou desde o início. É uma delicia quando a história é narrada por um personagem que te cativa, com o qual você se identifica, pelo qual você torce, sofre, se alegra…
O livro é dividido em 4 partes. Admito que a primeira parte pode ser um desafio. Ali há descrições do trabalho do Darrow, de sua infância em Marte, da sua família, dos seus traumas… Só que uma vida nos subterrâneos de outro planeta é muito diferente da nossa realidade, e o autor não alivia. Nem sempre você entende os termos usados, ou consegue imaginar exatamente as descrições feitas por Darrow. O autor joga as informações sem dar muito detalhe. Ou seja, você pode ficar perdido aqui e ali, eventualmente, mas prossiga com a leitura, as coisas só melhoram.
Outro ponto importante é sobre a maneira como a narração é feita. Fúria Vermelha é uma obra bem violenta e tem um linguajar pesado, portanto, não espere meios termos ou floreamentos. Tem que ser macho pra ler esse livro, hein? rs. Além das batalhas, é um livro sobre vingança, estratégia e liderança.
A crítica à sociedade e ao que nos é imposto está explicita, mas o que mais me fez refletir foi sobre nossa tendência à acomodação e o quanto isso é perigoso.
Pois é, pessoal, gostei tanto da leitura que já estou acabando o segundo livro da trilogia, que se chama Filho Dourado (a obra ganhou o prêmio de melhor ficção científica no Goodreads Choice Awards 2015) e é seguido por Estrela da Manhã.
Os direitos da obra foi vendido para a Universal Pictures e o filme será dirigido pelo mesmo diretor de Guerra Mundial Z. Te mete! Se eu estou ansiosa? Oxi, que só!
Recomendo essa leitura para quem gosta de distopia, reviravoltas; ama prender a respiração entre um capítulo e outro, e para aqueles que não se incomodam com violência e com uma narrativa mais pesada.
A edição da Globo Livros está linda. Não sei explicar, só sei que é um livro que ao pegar, você sente a qualidade. Ele parece ser muito resistente. É muito bem feito. A capa tem uma pegada emborrachada que é a coisa mais linda, com aquela asa vermelha trabalhada em verniz localizado. A diagramação também é perfeita. Já nas primeiras páginas têm um mapa de Marte e algumas legendas para que o leitor acompanhe durante a leitura. Minha única critica, com respeito a edição, é que a tinta prateada, que adorna o título, saí com muita facilidade. Só de manusear o livro ela desgasta.
É isso aí, gente, uma das melhores leituras que fiz esse ano! Amei e já adianto que Pierce Brown está se superando na continuação.
Como não amá-lo?
E aí, já leu? Ficou tão apaixonada(o) na trama como eu estou?
Beijos Vermelhos.
Câmbio, desligo.
~ Cau
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