Cida Zientarski 13/01/2023
Rangers #4
Folha de Carvalho é o quatro livro da série Rangers: Ordem dos Arqueiros, do autor John Flanagan. Enquanto Will se recupera do uso da Erva do Calor e Evelyn faz o possível para manter tudo em ordem com a escassez de comida e mantimentos que eles enfrentam, ambos veem o inverno passar e o degelo começar. Com isso também surge o alerta de quem é preciso seguir caminho.
Em uma das checagens às armadilhas, feita por Evalyn, a garota é surpreendida por um estranho e levada por ele para seu acampamento. Enquanto Will tenta rastrear a garota, Halt e Horace estão cada vez mais próximos e, é quando eles se reencontram, que percebem que o perigo está batendo a sua porta.
Os Temujai, um povo que gosta de guerrear está com uma tropa de mais de 6 mil homens voltados para a Escandinávia e, ao cruzarem caminho com Erak, o mesmo que ajudou Will a escapar em Terra o Gelo, eles tentam traçar uma estratégia para sobreviver.
Como Halt tem um amplo conhecimento sobre o povo, pois já os enfrentou no passado, ele e os garotos se aliarão aos seus tradicionais rivais escandinavos para deter o avanço dos Temujai, deixando para lidar com suas diferenças depois. Mas será que essa aliança vai durar? Principalmente depois do Ragnak ter jurado morte a toda familia de Duncan e estando Evelyn guardando um enorme segredo?
O livro três foi um volume de transição, enquanto vimos os personagens amadurecerem, pouco da história realmente caminhou pra frente. Já em Folha de Carvalho, temos uma trama completamente nova que surgiu do nada e foi bem desenvolvida para posicionar novas peças no tabuleiro dessa trama.
Will e Evalyn estavam isolados na cabana, ele tentando se recuperar e ela tentando fazer ambos sobreviverem. O degelo chegou e logo no começo já sabemos que eles precisarão partir, porém isso nem chega a ser imposto, pois a jovem já é levada por um grupo misterioso de novos inimigos.
Os Temujai são o elemento surpresa aqui, não estávamos esperando sua chegada e a forma como ela causa uma nova configuração à história mostra o quanto Flanagan consegue ser bem sucedido em sua construção de narrativa. Com esse novo grupo, dois inimigos declarados precisam se unir para tentar buscar uma alternativa de sobrevivência, pois se esse povo passar pelos Escandinavos estarão a apenas dois passos de também tomar Arualen.
alt tem um papel muito importante nesse livro, ele é o estrategista, aquele que carrega praticamente o desfecho do confronto nas costas, mas não é só isso que pesa em sua vida no momento. Para ir atrás de Will ele foi expulso da Ordem dos Arqueiros, mas ainda precisar contar esse fato ao garoto, que acabou de reencontrar. Reencontro esse que eu confesso ter achado um pouco “fácil”. Lendo Terra do Gelo não tive a impressão de que eles estivessem tão próximos, o que fez eles se acharem logo nas primeiras páginas ser algo inesperado pra mim (e, sim, depois eu li a sinopse e vi que já entregava, mas como raramente leio essas infos, estava verdadeiramente surpresa).
Folha de Carvalho é um livro para consolidação de todos os personagens. Halt já tinha uma posição concisa e a relação dele com Horace evoluiu bastante, tornando-os bons camaradas, dentro do que o experiente arqueiro permite. Will precisa reaprender muita coisa, ele ficou meses sem treinar e a erva o enfraqueceu consideravelmente. Para enfrentar os inimigos adiante, mais do que nunca ele precisa estar no seu melhor, porém não é uma tarefa fácil.
Evalyn precisa se fazer útil e, por mais que se crie um clima de ciúmes entre Will, Horace e ela, a ligação que ela tem com o primeiro garoto pelo que eles passaram juntos ainda é muito forte e a chateia vê-lo se afastar nesse novo momento. A menina que carrega um fardo nas costas, por ser quem é, precisa manter o disfarce, já que está nas terras daquele que jurou assassinar qualquer membro da família de seu pai. Erak, o escandinavo que vemos ajudando Will e Evalyn no livro anterior faz um importante papel aqui. Além de suas hilárias interações com Halt, ele realmente prova ser um homem de caráter e que se pode confiar. Diferente de seus conterrâneos, ele consegue ver além, e buscar no inimigo um aliado e amigo.
Esse quarto livro também tem uma bela batalha e muita estratégia por parte dos personagens. Conhecer esse novo povo amplia nosso conhecimento sobre o universo da história e abre novas portas para o futuro da trama. Há ação e, como mencionei, um aprofundamento bem trabalhado nos personagens, sem negligenciar ninguém. Will também ganha mais espaço para tomar decisões e opinar, mesmo sendo Halt a grande cabeça da história.
A série Rangers me surpreendeu mais uma vez com possivelmente o livro mais bem estruturado entre os quatro lidos até agora. Ao contrário do terceiro, não foi preciso abrir mão de nada qui para desenvolver a trama, e a união de construção e ação foi muito bem utilizada. Entraremos no quinto livro com uma nova configuração e novos desafios, tendo fechado uma porta que não necessariamente ficará dessa forma por muito tempo.