spoiler visualizarTati 04/01/2012
Medéia
Jasão era filho de Éson, herdeiro do reino da Tessália, mas não ocupou o trono, pois Pélias, seu irmão, o usurpou. Logo após o nascimento de Jasão, Pélias mandou matá-lo, mas ele acabou salvo por seus pais, que o entregaram à guarda do centauro Quíron. O centauro cuidou de Jasão até que completasse 20 anos. Nessa época Pélias organizou uma festa, à qual Jasão compareceu.
Pélias reconheceu Jasão. Este, para chegar à festa, precisou atravessar um rio a nado, perdendo uma de suas sandálias, o que fez com que o tio se lembrasse de que ouvira de um oráculo a profecia de que um estrangeiro descalço seria seu inimigo mortal.
Para evitar a perda do trono, Pélias enviou Jasão para a captura do Velocino de Ouro, um tosão (pele de carneiro com pêlos) totalmente de ouro, feito de um carneiro muito especial, que tinha a habilidade da fala e do vôo. Era um presente que a deusa Néfele ganhara do deus Hermes. Néfale deu o carneiro a seus filhos, Hele e Frixo, quando foram perseguidos por sua madrasta. Os irmãos montaram no animal, que os levou, voando, para a Cólquida. Lá o carneiro acabou sacrificado a Zeus, e sua pele (o velo) foi dada de presente ao rei local, Eetes, com a promessa de que lhe traria prosperidade e poder. O velo ficava sob a guarda poderosa de um dragão, num bosque.
Pélias tentou enganar Jasão dizendo que se ele conseguisse o velocino receberia o trono, pois o rei acreditava que seria uma tarefa impossível e mortal para o sobrinho. Jasão montou uma expedição à procura do tal velocino, num navio construído por ele, denominado Argos. Acompanhado dos Argonautas seguiu em direção à Cólquida. Tendo enfrentado a difícil e perigosa viagem, chegaram ao distante país, mas o rei Eetes não permitiu a tomada do velocino, impondo algumas condições à entrega do Tosão de Ouro.
Jasão teria de domar dois touros tomados de fúria (que tinham patas de bronze e ateavam fogo pelas ventas), colocá-los no arado, fazê-los lavrar um terreno virgem e semear a terra com os dentes de dragão que haviam sobrado da semeação de Cadmo. Assim realizado, deveria matar os guerreiros gigantes que nasceriam dos dentes semeados. Somente depois de determinadas façanhas poderia adquirir o precioso velo, o qual estava dependurado num carvalho, guardado pelo dragão. Logo após, Jasão deveria matá-lo.
Eetes apenas designou essa tarefa porque estava confiante na morte certa de Jasão. Certamente, o herói não teria sobrevivido à tarefa sem ser ajudado por Medéia, feiticeira famosa, filha do rei Eetes, neta do sol, e sobrinha da feiticeira Circe. Por ter-se apaixonada por Jasão resolve ajudá-lo: livra-o de todos os males e auxilia-o a cumprir a tarefa por meio de sua feitiçaria.
Medéia deu a Jasão uma garrafinha com um suco de ervas mágicas, o qual, depois de despejado sobre seu corpo, torná-lo-ia invulnerável. Deu-lhe também uma pedra para lançar no meio dos gigantes monstruosos que nasceriam dos dentes do dragão; assim, Jasão poderia matar os poucos que sobrariam, pois os demais brigariam pela pedra. A seguir, ela fez adormecer o dragão com seus encantamentos, e, então, Jasão o matou.
Cumpridas todas as tarefas, preparam-se para a partida. Entretanto, Eetes, furioso, resolve incendiar o navio Argos e eliminar Jasão. Medéia, sabedora dos planos do pai, corre para informar o amante. Apressando-se, fogem. O rei lança-se em perseguição aos fugitivos, atinge o rio Fásis e envia seu filho Apsirto com a ordem de receber o Velocino de Ouro e de trazer Medéia. Esta, loucamente apaixonada pelo herói, não hesita: apodera-se do irmão, degola-o e despedaça seu corpo, jogando os membros ao longo do litoral, certa de que o rei não iria adiante e recolheria os tristes despojos a fim de dar ao filho uma sepultura digna, o que faria atrasar, assim, a perseguição ao aventureiro. E é dessa maneira que tudo acontece, Eetes desiste da perseguição, ocupando-se em recolher os restos mortais de Apsirto.
Jasão foge com Medéia. Passam pela corte de Alcínoo, rei dos fenícios, o qual já havia recebido o pedido de Eetes para mandar-lhe a filha de volta se os argonautas aportassem por lá. Alcínoo prometeu atender ao pedido, mas somente se Medéia ainda fosse virgem.
Arete, mulher do rei, ciente dessa condição, levou isso ao conhecimento de Medéia, e Jasão uniu-se à amada, sem perda de tempo, na caverna de Mácris.
Retornando triunfante a Iolcos, na Tessália, Jasão consagra seu navio a Netuno e entrega o Tosão a Pélias. Logo soube o que ocorrera durante sua longa ausência. Seu pai fora perseguido por Pélias, que se recusava, agora, a lhe entregar o trono, como antes havia prometido.
Medéia encarrega-se da vingança: faz com que as próprias filhas matem o pai. Entretanto, Jasão não conseguiu o trono, pois, temendo retaliações, foge com Medéia para Corinto, e tem com ela dois filhos.
Eurípedes inicia a peça lamentando tudo o que aconteceu, pois agora Jasão largou Medéia e seus dois filhos para se casar com a filha do rei de Corínto, Creontes. Medéia se sente abandonada, largada, humilhada depois de tudo que ela fez para ajudar o herói. Ela está totalmente desconsolada. Suas palavras acabam chegando ao castelo real. Jasão volta para casa para conversar com Medéia, ele a avisa que continuando a falar contra a família real ela será expulsa de Corínto, o que Jasão acha justo, pois uma mulher como ela, bárbara, levada para a civilização e tendo filhos gregos teria que ser mais agradecida.
Medéia recebe agora a visita do próprio rei de Corínto, Creontes. Ele conhece bem os poderes de Medéia e teme pelo bem de sua filha e de si próprio. Assim ele a expulsa de seu reino. Medéia pede um dia, apenas um dia para poder se arrumar e encontrar um outro lugar onde ela possa estabelecer uma nova vida. Creonte concede esse dia. Porém é nesse dia, nesse único dia que todos os acontecimentos terríveis acontecem. Medéia era uma feiticeira conhecida em toda a Grécia pelos seus poderes. Ela recebe uma visita de Egeu, rei de Atenas, que procurava sua ajuda. Medéia promete ajudá-lo em troca de exílio. Depois de saber os sofrimentos que Medéia está passando, Egeu concorda. Medéia chama Jasão para uma conversa, e o convence que ela está arrependida pelas coisas que disse e pede para seus filhos poderem ficar com o pai, morando no castelo real. O que Jasão concorda feliz.
Medéia manda por seus filhos presentes para a princesa, um véu e um diadema, presentes esses que será a perdição total da família real, pois eles estão envenenados e matam não apenas a princesa que os colocou, mas também o rei de Corínto que tentou salvar sua filha. Jasão corre para a casa de Medéia a procura de seus filhos, pois ele agora teme pela segurança deles, porém chega tarde demais. Ao chegar, Jasão encontra seus filhos mortos, pelas mãos da própria mãe, e Medéia já fugindo pelo ar, em um carro guiado por serpentes aladas que foi dado a ela por seu avô o deus Hélios. Não poderia ter havido vingança maior do que tirar do homem sua descendência.