Ana Ponce 06/01/2023Afinal, qual é o limite da vingança? É justo envolver inocentes nessa busca por vingança? Pode parecer que estou falando do incrível "O Conde de Monte Cristo", mas não. No post de hoje iremos conversar sobre um livro bem mais antigo, a tragédia grega "Medéia" de Eurípedes.
Cada leitor irá responder as perguntas do inicio desse post de uma forma diferente, pois elas dependem muito da nossa visão de mundo e apenas quando vivemos uma situação podemos ter certeza das atitudes que tomaremos.
Não é atoa que esses temas foram abordados nessa obra, que foi escrita aproximadamente no ano de 431 antes de Cristo. O teatro foi um importante instrumento de construção e educação do homem grego, abordando os conflitos sociais e individuais usando a mitologia como pano de fundo.
Mas vamos à narrativa. Assim como a maioria das tragédias gregas, "Medéia" tem origem mitológica. Medéia é uma feiticeira, filha do rei de Cólquida, Eetes. Ela se apaixonou por Jasão, príncipe de Iolco. O pai de Jasão deixou o reino sobre os cuidados de seu irmão, Pélias até a maturidade de seu filho, Jasão. Mas quando Jasão, já um homem feito, decide reivindicar o trono, seu tio propõe que ele recupere o velocino de ouro, que estava em Cólquida. Com a ajuda de Medéia ele consegue recuperar o velocino, e se casa com ela.
Eetes furioso persegue os argonautas e sua filha, na tentativa de atrasar o pai e assim ganhar tempo para que ela, o marido e seus companheiros fugissem, Medéia mata e esquarteja o próprio irmão e espalha seus membros.
Jasão e Medeia se instalam em Corintos, onde Creonte reinava, o rei oferece a mão de sua filha a Jasão, que aceita o casamento, mesmo sendo casado com Medéia, com quem tem dois filhos. E é assim que começa a peça de Eurípedes.
Aia.
O autor aborda temas como casamento, condições dos estrangeiros e da mulher na sociedade, de forma original e rompendo com a tradição das tragédias, especialmente por não conferir grande a ação dos deuses no desenrolar da história, ao invés disso o autor foca nos aspectos psicológicos dos personagens, trazendo uma boa dose de realismo as suas obras.
A obra influenciou Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes a escreverem Gota d’água, e a Sêneca a escrever sua versão de Medéia.
Então é isso, espero que vocês tenham gostado. Beijos e até a próxima.