Marcone 07/11/2015Luiz Felipe Pondé, o autor dos eruditíssimos “Do Pensamento no Deserto” e “Critica e Profecia”, dos mais acessíveis “Contra um mundo melhor” e “A Era do Ressentimento”, volta a utilizar em seu texto, nos mesmos moldes do fenômeno literário “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia”, uma linguagem bastante voltada ao grande público, escrito com uma leveza deliciosa, com um humor de arrancar gargalhadas, e com um olhar cáustico e provocador sobre a modernidade. Em seu novo “Guia Politicamente Incorreto do Sexo”, o autor vem enriquecer a discussão sobre a sexualidade, um tema cotidiano no debate público, que se empobreceu tremendamente ao se reduzir a um mero “Fla X Flu ideológico”, da visão do “nós contra eles”.
Este é um livro pra gente adulta. Ou, melhor ainda, pra gente amadurecida, que não tem medo de ver a torpeza da realidade, ou como diz Pondé, “que não teme o pântano que é a nossa alma”. Já no texto de abertura, uma cena que deixa “50 tons de cinza” no chinelo! Falar de sexo é falar de desejo, do mistério do desejo, lugar onde a razão costuma não influir muito; “ninguém sabe a razão do desejo, e como tudo que é mais forte em nós, pouco se sabe a causa, e quase sempre pouco importa saber”.
Mas a praga politicamente correta quer nos fazer acreditar que é possível resolver as incongruências humanas por decreto e políticas públicas; quer que acreditemos mais na “revolução sexual” dos anos 60 pra cá, do que em 50 mil anos de afetos ancestrais. “Ela de quatro. Ele por trás. Os dois sorrindo enquanto ela gemia (...) Ao final, os dois sentados próximos ao fogo, à noite (...) No dia seguinte, comem a carne de um animal morto. O dia recomeça. Esses são nossos patriarcas”.