Mayara.Bernardino 27/02/2019
Sobre ser
Tenho este livro na minha estante há muito tempo, nem me lembro quando comprei, só sei que foi bem barato e meu consumismo por livros me fez adquiri-lo. Antes de começar a leitura, li algumas resenhas, pesquisei e fiquei frustrada com muitos comentários e opiniões. Larguei mão do livro e desisti de lê-lo. Esse ano resolvi ler todos os livros emperrados na minha estante, por isso, escolhi o Miniaturista como leitura da vez e sinceramente, acredito que esse era o momento certo de leitura, se tivesse lido em outra época eu certamente ficaria tão frustrada quanto fiquei com as resenhas. Alguma coisa me fez gostar deste livro, não sei se foi a linguagem ou suspense, mas certamente foi um livro que me prendeu do começo ao fim. Foi uma leitura rápida com clichês e com um final que me surpreendeu um pouquinho. Muitas coisas foram bem previsíveis e consegui decifrar durante a leitura. Vou dizer que este não é um livro sensacional, marcante, inovador, que eu nunca tenha visto nada igual, porém é um livro que te prende no momento que você começa a refletir sobre pequenas atitudes e questões que são tão reais em nossa sociedade. O livro se passa no Séc. XVII, mas o machismo, a inferioridade da mulher perante o mundo, a mulher como um objeto, como apenas a cuidadora do lar e procriadora, sem direito a voz e autonomia. Como a Igreja, a religião predominavam com força, decidindo e definindo o que era certo e errado de acordo com a mentalidade de quem tinha o poder. Esse livro me fez sentir tristeza, raiva e vergonha do ser humano, pois apesar de ser uma ficção, o cenário tem seu fundo de verdade. Hoje, podemos dizer que muita coisa mudou na nossa sociedade, quando pensamos na mulher e na liberdade de ir e vir e de se expressar, porém eu ainda acredito que existe escondido o pensamento provinciano do Séc. XVII e isso é tão perigoso quando uma arma. O pensamento e as palavras do ser humano são mais cruéis que suas armas. Mais cruéis que a fúria da natureza. Sobre o suspense que rondou a Miniaturista, penso que ao mesmo tempo foi totalmente tolo e sem nexo, como também mostrou como as pessoas são manipuladas a todo instante e como essa manipulação interfere nas nossas crenças e nas nossas ações, ao mesmo tempo reflete como as atitudes que tomamos trazem resultados, sejam eles positivos ou negativos. Enfim, acredito que apesar de não ser um livro sensacional, cheio de delicadezas e imperdível e que tenha muitas pontas soltas e muitas falhas na história, este é um livro que reflete sobre questões importantes como machismo, feminismo, preconceito (e muito, por sinal) e confiança. Um livro que vale a pena perder um tempo lendo.
"No sofrimento conhecemos verdadeiramente a nós mesmos."
"Quando conhecemos realmente uma pessoa, Nella, quando enxergamos além dos gestos mais amáveis, dos sorrisos, quando vemos a raiva e o medo patético que cada um de nós esconde, então o perdão é tudo. Todos nós precismos desesperadamente disso."
"[...] às vezes é difícil amar alguém que conhecemos tão bem."