jonasbrother16 19/07/2023
(Depois de uma primeira leitura apressada, caiu bem uma releitura, e portanto refaço a resenha).
O livro tem muitos temas, mas o que se destacou na minha leitura foi o do filósofo como Sacerdote.
Creio que esse tema ressurge com força total na República, com o Filósofo sendo a figura máxima da cidade, não como um tirano, mas como alguém que, por assim dizer, "recebe" as Formas e as aplica no mundo concreto. O Filósofo como mediador entre os mundos. Um sacerdote.
Aqui na Apologia, Sócrates age como um verdadeiro Consagrado. Não teme a difamação, o ridículo, nem mesmo a morte. Importa apenas a Filosofia. Fala o tempo todo de um mundo real, oposto ao mundo das aparências, e fala que tem mais interesse de ver e fazer ver o que é real, e não o que é apenas aparente.
Também diz que a cidade precisa dele, que os atenienses só tem a perder com sua morte, pois é ele quem melhor serve a cidade, sendo o filósofo-sacerdote de Atenas por excelência. Ele até mesmo confessa acreditar em deuses, e de ter um espírito que o guia em suas decisões. E aceita a morte com tranquilidade, sabendo que é inocente, e que morre como amante e servo da Verdade. Morre herói, mártir, santo.
Tudo isso revela uma dimensão profundamente religiosa de Sócrates, e que parece depois influenciar os pensamentos de seu famoso discípulo, Platão.