Daniela 12/07/2017Uma história inusitada, não se engane com a sinopse!Quando o livro chegou, surpreendi-me com a mensagem do autor, Diego Martello, de quem recebi o exemplar: "Ótimas reflexões para você", escreveu ele na dedicatória. Ali uma dúvida pairou sobre a minha cabeça. "O que será que isso quer dizer?" Ao iniciar a leitura, deparei-me com um texto bem escrito, português claro, bem empregado, leitura fluída. Meu cérebro vibrou (adoro!). Cinco ou seis minutos depois eu estava observando a figueira a minha frente, pensando na vida. Oi? Voltei à leitura sem entender o que tinha me distraído.
"'Uma vez você, uma vez eu' surpreende pela forma como uma pessoa pode se comportar ao ser afetada por pensamentos e lembranças (...)" Esse é o início do prefácio, e depois de me distrair muitas vezes no início da leitura eu finalmente compreendi o que Diego quis dizer sobre "boas reflexões" e o que Roque Aloísio Weschenfelder nos conta no prefácio. O cenário descrito pelo autor é simples, mas nada raso. Um tipo de conteúdo ao qual raramente eu tenho contato. E foi aqui que ele me ganhou. Daí pra frente a leitura foi num ritmo bom, nada alucinante, porque ele foi provocando reflexões.
Sobre a leitura e os mistérios de "Uma vez você, uma vez eu"
Como disse antes, o texto é muito bom, nota-se um zelo com cada sentença. Não tem erros de digitação, concordância, lapsos, nada. É curioso e muito gostoso de ler. Embora não seja muito extenso, não é do tipo "objetivo demais". É todo feito de reflexões, e causa uma sensação de "andar nas nuvens". Sabe o efeito de sonho que vemos em filmes, uma névoa, passagem do tempo diferente, às vezes lenta, às vezes rápida? "Uma vez você, uma vez eu" vai se passando assim.
Pouco a pouco vamos nos envolvendo com o drama de William, conhecendo a sua pequena família e sua história e simpatizando com ela. Começamos a desejar um bom final para tudo aquilo, até que vem a surpresa. Descubro porque do "Uma vez você" e entro em choque! Um pouco adiante na história, descubro o "Uma vez eu" e fico boquiaberta, quase tensa pelo cenário desenhado pelo autor. A facilidade com que ele cria cenários, desfaz esses cenários, conduz o nosso entendimento sobre os acontecimentos é impressionante. Tecnicamente perfeito.
A moral da história e o traço profissional do autor
Talvez não seja bem isso, mas, a narrativa no livro lembrou-me muito da que vi no que chamávamos na faculdade de "romance administrativo", o livro "A meta". Como Diego Martello tem formação na administração, imediatamente associei a isso essa "faceta" do seu livro. Em algumas passagens e diálogos ele descreve situações de gestão da empresa do pai, e uma dinâmica que está sendo organizada. Explica com muita propriedade esses acontecimentos e suscita bastante a reflexão sobre forças e fraquezas (alguns recordarão da FOFA ou SWOT) e também percebi alguns discursos empreendedores, sobre como vencer desafios, como estar preparado.
É provável que a minha formação tenha contribuído para perceber essas nuances que são, na verdade, o pano de fundo do aparente "drama". "Uma vez você, uma vez eu" é o tipo de livro que cada um pode encontrar uma interpretação diferente, porque ele nos faz refletir, comparar, e cada um tem o seu conjunto de experiências, de vivências e dramas, que certamente darão tons diferentes para cada situação no livro. Acredito também que seja o tipo de leitura para se fazer em diferentes momentos da vida, justamente para ter uma experiência literária nova com o mesmo texto. E isso que o faz tão especial.