Andréa Bistafa 12/07/2016http://www.fundofalso.comSeduzida estou eu!
Seduzida Por Um Guerreiro Escocês é um romance de época que se passa na Escócia, como o próprio nome sugere, onde não temos datas especificadas. Toda a trama acontece na época em que os clãs guerreavam pela posse das terras no país.
Montgomery e Armstrong são os dois clãs mais poderosos da Escócia, e também rivais mortais. O líder Armstrong venceu e matou o líder Montgomery no passado e hoje, Graeme, filho sucessor a liderança, comanda seu clã e alimenta juntamente a todos, um ódio corrosivo pelos Armstrongs.
Diante desse fato, que podeira geral um guerra poderosa, o rei Alexandre decreta que o Líder, Graeme, deve se casar com a filha do líder rival, Eveline. Filha do guerreiro que matou seu pai.
Por ai podemos ver que vai ser complicado esse casamento dar certo, mas temos um agravante para Graeme, pois sua noiva além de filha do inimigo, também é conhecido como louca. Sendo assim, ele toma como seu futuro infeliz a ideia de que ela nunca poderá cumprir com sua obrigação de esposa e gerar herdeiros.
Eveline não é louca. Ela sofreu um acidente à alguns anos, que lhe roubou a audição. Sem poder ouvir e com dificuldade de se comunicar, ela acabou deixando que as pessoas acreditassem que desenvolverá uma deficiência mental, assim podendo fugir de uma certa situação que não vou revelar para vocês.
"A mãe de Eveline não parecia se preocupar em discutir a condição da filha diante dela, mas Graeme não queria machucá-la com essa conversa,. Era assim que toda a familia de Eveline a tratava? Como uma idiota? Ignorante?"
Como faz parte de todo romance de época, o clichê precisa existir, e essa trama toda que contei para vocês, por si só já tem aquele clichês estilo Romeu e Julieta, onde as famílias se odeia e os filhos descobrem o amor. Mas o diferencial bem bacana que a autora colocou nessa romance, foi justamente a deficiência auditiva da protagonista. Esse toque faz toda a diferença pois cativa o leitor em busca do romance dos personagens.
Como Eveline é surda, ela desenvolveu a habilidade de ler lábios, e uma sensibilidade para percepção em relação ao caráter das pessoas. Para não fazer seus pais sofrerem ainda mais diante esse casamento, ela toma a frente decidida a se casar, já que casamento era algo que ela nem sonhava para si, pois em decorrência de sua deficiência, ela dificilmente conseguiria um marido, conseguiria ter filhos ou uma família. E além disso, se recusasse ou mostrasse resistência, o rei os consideraria traidores e o clã seria caçado e provavelmente todos seriam mortos.
Já Graeme não é um libertino (aleluia, aleluia!), ele já teve algumas mulheres sim, mas por ser um guerreiro mais rude, e líder nato, sua prioridade sempre foi o bem estar e a segurança de seu povo, então o amor nunca foi algo que ele buscou. Mas quando ele começa a observar sua esposa, que apesar de todos os boatos parece ser uma mulher forte e não ter nenhuma deficiência mental, ele percebe que o amor pode nascer da inocência e da determinação dela em fazer o povo inimigo admira-la e respeita-la como esposa de seu laird (senhor do feudo).
"Ela estava realmente sozinha e trancada em um mundo silencioso, no qual as pessoas a consideravam nada mais que a filha louca de seu mais odiado inimigo."
É aquele tipo de livro com um machão que apaixonado vira o sonho de qualquer mulher, com aquela protagonista forte e decidida, mas sem ser exagerada, que exala bondade sem forçar a barra, que apesar de decidida é inocente até demais.
É interessante ver a posição de cada lado com o "fardo do casamento". A família dele acreditava ter ficado em desvantagem e serem menos privilegiados já que carregariam a mulher problemática e o clã dela ficaria livre do estorvo. Mas não pensavam que o rival estava entregando sua única filha nas mãos de quem mais odiava. E como a narrativa (terceira pessoa) tem o foco maior no Graeme, é gostoso ver-lo descobrir que se fosse o oposto, seria muito pior, já que entregar a sua única irmã nas mãos do rival seria algo impensável. Ela vai constatar, mais do que nunca, o sofrimento da esposa quando perceber que a maioria das mulheres de seu clã a ridicularizam, maltratam e a ferem. Como agir sendo o líder? Defender sua esposa e ir contra todo um clã seria boa ideia? Seria a atitude correta de um líder?
O que eu mais gostei na narrativa, posso dizer que foi justamente a visão de Eveline diante dos fatos, que é pouco mostrada fazendo com que tudo que a envolve seja silencioso, e isso deixou a personagem ainda mais sensível e encantadora.
Os diálogos que a autora criou também são perfeitos, pois já que a protagonista não ouve, e acaba pegando as falar pela metade (pois precisa estar de frente para poder ler os lábios do locutor) as frases da narrativa, muitas vezes, começa pela metade e isso deu uma veracidade incrível.
Além de conciliar alguns costumes escoceses, como o consumo de cerveja até mesmo no café da manhã, a veracidade da surdez de Evelise foi baseada na surdez do próprio esposo da autora.
Para finalizar, já que me estendi ao máximo, a parte final tem muita ação para quem gosta de mesclar ao romance. Já que surge um traidor e não sabemos a qual lado pertence. Então espere por sangue, por dedicação, por sofrimento. Uma guerra está por começar!
"Mas... sempre parecia existir um "mas". Era o problema quando se cria uma teia de mentiras: elas acabam saindo do controle até tomar vida própria, e Eveline era incapaz de consertar tudo. Tinha ido longe demais."
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*Pena a modelo da capa não ter os traços físicos da protagonista. Apesar da editora ter escutado seus leitores e mudado a primeira capa que não agradou, faltou caprichar nesse detalhe.