Laura.Oliveira 19/08/2023
Chamar de ruim é elogiar
Li o primeiro volume da saga durante a pandemia e, surpreendentemente, gostei. Apesar de reconhecer muito de Crepúsculo na ideia, embora com alienígenas, lembro que engoli em Obsidiana em um único dia e que me diverti bastante com a narrativa por ela não necessitar de mais do que dois neurônios para ser compreendida. No entanto, adiei a leitura da continuação por anos e acho que era por saber que ou a autora conseguiria fazer algo muito bom com o que criou ou transformaria em algo muito ruim. Infelizmente, venho após a leitura dizer que ruim é elogio para o que ônix é!
As primeiras duzentas páginas foram um saco. Primeiro que a autora mudou completamente a personalidade do Daemon e tirou todo o molho dele o fazendo agir de forma apaixonada e fofa sem um desenvolvimento disso, completamente do nada. Tipo, ok, a gente sabia que ele tinha sentimentos pela Katy por debaixo do jeito ogro, mas pra que fazer isso se só ia dar respaldo pra Katy desacreditar dele? Exatamente o que aconteceu e que encheu o meu saco.
Aliás, fica registrado logo de início que MINHA NOSSA SENHORA DOS LUXEN, QUE MENINA CHATA! A Katy nunca foi a rainha do carisma. Mesmo em Obsidiana ela já era completamente esquecível (tanto é que nem lembrava o nome dela quando comecei o livro). Porém, aqui ela se superou e foi insuportável. Primeiro desacreditando do Daemon, segundo fazendo tudo o que ele pedia para ela não fazer e terceiro tomando todas as decisões erradas que poderia ter tomado.
A autora pesou muito a mão nisso, aliás. É normal que o protagonista cometa erros, mas não ter uma decisão certa em 400 páginas me fez ter zero empatia pelo que aconteceu com a Katy no final, porque ela pediu por isso o livro inteiro e acho até que passaram a mão na cabeça dela e que ela merecia sofrer mais pelo que causou. Evoluções? Não tivemos. Teste de paciência? Até demais.
No entanto, esse foi um dos vários problemas que o livro teve. No início eu estava até pensando que poderia estar lendo na hora errada e que, talvez, tivesse gostado quando mais nova. Ao finalizar, tive certeza de que nem o meu eu de quinze anos teria gostado, porque Ônix reúne tudo de ruim que os livros que eu não gostava nesta idade tinham em comum: protagonista sonsa, burra e que não consegue fazer nada sem ter que ser salva pelo mocinho (Olá, Luce de Fallen e Bethany de Halo!); conflitos chatos entre os protagonistas porque eles não conversam, ausência de um plot realmente bom (além da história só começar a andar lá para a metade, é tudo muito previsível e me recuso a crer que alguém ficou surpreso ao descobrir sobre o Blake ou o vilão).
Honestamente, poucas coisas se salvam neste volume. Exceto pelo final, que infelizmente, me deixou curiosa e considerando enfrentar um terceiro volume desta história, não consigo listar mais nada. Um certo acontecimento envolvendo a morte de alguém me surpreendeu, mas, de resto, foi tudo bem batido e óbvio. Nem o romance serviu como paliativo, porque a implicância se esticou tanto entre o Daemon e a Katy que, quando eles finalmente admitiram os sentimentos, pareceu acontecer na hora errada. Nunca vou entender essa mania gringa de pegação quando o clima é de velório (Colleen Hoover e Elle Kennedy dizem olá à Jennifer!). Enfim, pra resumir: não leia isso se você tem consciência de que a vida é curta demais para ser desperdiçada com livro ruim.