Gisele @abducaoliteraria 29/08/2017"A Roda do Tempo gira, e Eras vêm e vão, deixando memórias que se transformam em lendas".Até aqui, esse é o livro mais importante da série em termos de evolução de personagens. Quase não consigo mais enxergar os garotos e garotas que saíram de Dois Rios. Agora, são homens e mulheres, cada um com o seu caminho e desafios.
Fico admirada pela extensão do Mundo que Jordan criou, cada lugar com seus costumes e cultura diferentes. É imenso, farto e sólido. Há sempre mais costumes para explorar e culturas que já conhecemos continuam nos surpreendendo, como por exemplo, os Aiel.
Conforme a história avança, temos uma noção sobre a apreensão e o caos que se instala em quase todos os lugares. Locais que pensávamos que era seguro, sucumbiram à tensão e confusão. Fica difícil não se sentir aflito em meio a tudo isso.
Como este livro tem um foco maior nos personagens e na relação entre eles, algumas partes da história foram um pouco lentas, sem muita ação, mas com acontecimentos muito importantes que acarretaram na bagagem deles.
Acho espetacular a relação entre os personagens que Jordan elaborou, tão complexo e real. Os personagens não se traem, eles são fiéis a si mesmos independente de quem está por perto. Tanto é que no caso das mulheres, que são quase todas geniosas, fica muito complicado a convivência a longo prazo entre elas. Em alguns momentos de explosão, elas saem até no tapa, rs. Mas outras relações são muito interessantes, como o relacionamento entre Rand e Moiraine, como ela cede e tenta se moldar para conseguir se relacionar com ele, porque só assim é capaz de alcançar os seus objetivos.
"- Todos nós fazemos o que temos que fazer, como decreta o Padrão. Para alguns, há mais liberdade que para outros. Não importa se escolhemos ou somos escolhidos. O que deve ser, será".
Desde a saída de Dois Rios, Egwene foi a que mais evoluiu - e talvez também Perrin, que não esteve presente neste livro - e isso é muito evidente. Ela está mais madura, astuta e autoritária quando há necessidade.
Com Nynaeve é o seguinte, você a ama ou a odeia, mas é impossível ignorar a personagem. No meu caso, como é minha personagem favorita, eu fiquei eufórica com o fato de ter muitos pontos de vistas dela neste livro, mais do que nos livros anteriores. E embora eu seja suspeita pra falar, foram os melhores capítulos. Cada vez mais, ela se mostra como uma personagem fascinante e diferente das mocinhas que estou acostumada a acompanhar. Eu ri - muito - fiquei apreensiva e sofri bastante com ela durante esse livro. Os seus desafios, bloqueios, o fato de se cobrar mais do que é capaz (ou não) e as coisas que aconteceram com ela me deixaram angustiada. É impressionante como eu me identifico com a personagem. Acredito que a evolução dela e a do Mat serão as mais demoradas, porém as mais interessantes e surpreendentes.
"Ela tinha o gênio de um javali preso em uma roseira-brava, no melhor dos dias - comentou Birgitte, baixinho, para ninguém em particular. - Nada parecida com alguém que eu conheço".
Me recuso a falar de Elayne (cof, cof, chataaaaaa).
Meus sentimentos com relação ao Rand foram um pouco conflituosos. Houve momentos que eu tive vontade de adentrar a história para bater com uma vara nas costas dele (obrigada, Moiraine!), de tão arrogante que ele está. Porém, com o decorrer da história, até isso se torna compreensivo. Nos momentos em que eu não estava com raiva dele, me senti extremamente comovida com as batalhas que ele trava consigo mesmo. Ele carrega o mundo nas costas, e cada atitude dele, por menor que seja, pode ter uma consequência fatal. Como o próprio percebeu, ele passou a decidir entre o que é certo para o que realmente é preciso, e isso faz com que ele pareça cruel em algumas vezes. As companhias que ele tem são extremamente importantes nessa jornada. Moiraine, Egwene e Aviendha (shippo forte) ficam responsáveis por fazê-lo colocar os pés no chão e repensar algumas ações exageradas. Mas, com exceção de algumas atitudes de pura arrogância e grosseria, eu confio nas suas escolhas e sei que ele vai se sair bem. :’(
"Somos parecidos em muitos aspectos, você e eu. Há uma escuridão em nós. Escuridão, dor, morte. Tudo isso irradia de nós. Se algum dia você amar uma mulher, Rand, abandone-a e deixe-a encontrar outro homem. Vai ser o maior presente que você pode dar a ela".
Os livros dessa série têm os melhores finais. Quando olho para trás, avaliando os livros que li, fica difícil escolher qual o melhor desfecho, porque todos foram incríveis e épicos. E este não foi diferente. Cheio de ação, muita magia e acontecimentos surpreendentes. Existem momentos de cliffhanger carregados de tensão, no qual acompanhamos através de dois pontos de vista, que me fizeram suar e não respirar direito até acabar.
As Chamas do Paraíso está longe de ser previsível. Tudo o que eu imaginava que iria acontecer, a história se desdobrava e acontecia algo completamente diferente, e claro, muito melhor. O livro está recheado de acontecimentos chocantes e plot twists. É um livro com partes muito engraçadas, mas bastante cruel em outras. Foi o primeiro livro do ano que consegue me fazer chorar e não foi pouco. Foram muitas emoções em jogo, mas o último sentimento, quando infelizmente cheguei na última parte, tirando a tristeza do livro ter acabado, sobretudo foi de gratidão, por vivenciar uma história tão incrível e ter A Roda do Tempo como minha série de fantasia favorita.
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