Lina DC 04/08/2016A história inicialmente se passa em junho de 1815, em Bruxelas, onde a família Trenchard recebe o convite da duquesa de Richmond para o lendário baile em homenagem ao duque Wellington. Receber esse convite é uma honra, ainda mais para James Trenchard, um comerciante que fornece mantimentos para os soldados. Apesar de ter uma posição importante, socialmente ele não tem o status necessário para participar desse tipo de evento. Mas James é um homem ambicioso que sonha com a ascensão social e se for necessário usar sua própria filha Sophia, de 18 anos, ele irá fazê-lo. Sophia está apaixonada pelo lorde Bellasis, o sobrinho da duquesa. Os dois tem trocado momentos a sós com a aprovação do pai da jovem e a própria jovem ambiciona um lugar na sociedade. Anne Trenchard, mãe de Sophia e esposa de James é uma mulher mais realista. Apesar da boa educação que recebeu, sabe que não é possível subir socialmente pois a família é de comerciantes e ao mesmo tempo que tem orgulho do trabalho duro do marido e de sua ambição, tem receio que sua constante necessidade de possuir mais o coloque em uma situação embaraçosa.
Durante o grande baile desenrolam-se alguns acontecimentos que ficarão marcados na história da humanidade, mas também na história das duas famílias.
Após o baile há uma passagem de tempo e o leitor é transportado para Belgravia, no ano de 1841. A família Trenchard prosperou; James soube usar seus lucros e investir em uma nova empreitada: a arquitetura. Seu filho Oliver, que na época dos acontecimentos tinha apenas dezesseis anos de idade, agora é um homem feito, mimado e casado com Susan, uma mulher ambiciosa que quer a todo custo entrar na alta sociedade londrina. Anne continua reservada e recebe convites para chás da tarde na casa de nobres a pedido de James. Em um desses chás ela encontra a condesa de Brockenhurst, a mãe de Edmund Bellasis. A condesa tem muitas perguntas sobre o infame baile, principalmente por ter sido a última aparição social do filho antes da guerra.
Os Brockenhurst sofreram uma perda terrível. Edmundo era seu único herdeiro e agora os abutres sobrevoam o casal, principalmente o irmão do conde, Stephen Bellasis, sua esposa Grace e seu filho John. Stephen ressente-se em ser o irmão mais novo e não ter herdado nada. Como clérigo, deveria viver uma vida simples, mas é extremamente ambicioso. Essa ambição foi passada para o seu filho John, que não se preocupa em conquistar nada. Tudo o que John deseja é herdar as terras, o título e o dinheiro do tio e não faz questão de esconder esse fato.
A trama se desenrola alternando as histórias dessas duas famílias e a revelação de um grande segredo que as une. Conforme os acontecimentos de 1815 vão sendo apresentados sob uma nova perspectiva, o futuro dos Trenchards e dos Bellasis ganham novas nuances, a índole de alguns personagens são reveladas e essas duas famílias começam a curar suas dores.
A obra é delicada e escrita com grande sensibilidade. O autor soube colocar a história das duas famílias em um momento histórico, de forma que os dois assuntos se fundem e tornam-se um só. A construção dos personagens foi muito bem feita. São personagens implacáveis, imperfeitos, ambiciosos e totalmente humanizados.
A construção do cenário é belíssima. Os detalhes na narrativa, a riqueza das descrições e toda a elegância da época saltam das páginas.
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