Douglas.Bonin 11/07/2021
Nossas cidades
Sentado na janela de meu quarto posso ver grande parte do centro de uma cidade que passou a pouco tempo de seus 100mil habitantes. O barulho infernal de motos - rapazes que num domingo noturno e frio, se arriscam, levando comida para cada infeliz que sente fome - nesta cidade, percebo hoje que em dez anos passados nesta mesma janela, os barulhos, cheiros e luzes mudaram. Cidades vivas.
Virgínia Wolf é colossal, e neste livro somos captados por uma Londres em constante movimento, que saía do século XIX e entrava no XX, que substituía os cavalos para os primeiros exemplares do Sr.Ford. E toda esta narrativa é fenomenal por permitir que, nós, brasileiros do século XXI, sintamos os primeiros áres do pós revolução e afins.
O último texto, para mim o melhor, faz pensar sobre a temporalidade; a figura daquela senhora que sabe tudo, desde os casamentos, nascimentos, divórcios e desilusões, sem sair de casa, encontraria na modernidade um obstáculo na "experiência ×2", que não permite que uma pessoa qualquer tenha capacidade de saber sobre tudo de todos. E acabe mal acompanhando tudo sobre si mesmo.
Recomendo, mas para aqueles que cansaram de leituras de miojinho. Recomendo para aqueles que se incomodam com os espaços que habitam Virgínia é impecável em suas descrições!