Michele 13/02/2020Bonecas e Vestidos#sqn
No romance de estreia de Erika Johansen, A Rainha de Tearling, somos transportados para um distopia que fica no limiar de Jogos Vorazes. Lá, ao ao mesmo tempo que estamos bem a frente do nosso tempo e também temos uma monarquia de vestidos, babados e escravos. Parece louco, não? Mas tem tudo pra dar certo.
Kelsea Raleigh é da realeza. Ou pelo menos foi isso que lhe foi contado. Desde muito nova foi entregue a Barty e Carlin para ficar escondida numa cabana isolada. Durante os seus primeiros 19 anos não teve contato com o mundo, notícias ou com a família, nada. Para alguns, a fofoca era que a herdeira fora dada como morta. Nessa cabana, no meio da floresta, ela foi criada, alfabetizada e moldada para, um dia, assumir o lugar de sua mãe. A única recordação que carrega consigo é uma safira.
No seu aniversário de 19 anos, Kelsea recebe a visita da Guarda da Rainha. A Guarda tem a incumbência de escoltá-la até o trono de Tearling. O que Kelsea não imagina é seria tão difícil chegar lá, muito menos que haveria um preço por sua cabeça. Atualmente, quem esquenta o troninho é seu tio, Thomas - a pessoa mais pop de toda a Tearling - que inclusive gostaria de ter a cabeça de sua sobrinha em sua coleção de artefatos.
Mas não basta aparecer com uma cabeça numa sacola, né? Queremos provas!
É aqui que começa sequência de mistérios. Além da cabeça, a pessoa deverá apresentar a Joia do Herdeiro - uma safira que Kelsea aprendeu a viver com ela no pescoço, sem entender o porquê - e o braço marcado da menina - por que? qual a importância da marca? quem fez isso com ela?
E por falar em Guarda, vamos falar em crushes. Sim, plural. Podem escolher. Ali tem homem bão até cansar.
Na minha humilde interpretação, Kelsea tem uma personalidade forte, é decidida e isso faz toda a diferença no rumo da história e a forma que ela escolhe governar. Mas ela não chegaria tão longe e nem tão plena se não fosse por Clava, ou Lazarus para os íntimos. Competência é o seu sobrenome. Depois de uma emboscada, ele tem a opção de tornar-se capitão da Guarda de Kelsea e, muita das vezes, ele roubava a cena. Testosterona, que falam, né?
Por fim, e não menos importante a vizinha: Rainha Vermelha. A bicha é uma incógnita. Os personagens se benziam apenas ao mencionar o nome dela. Mas de novo, nada foi revelado. O que é? Da onde vem? O que come? Mas apesar da sua participação especial, deixou mais perguntas do que respostas do leitor #ADORO
Apesar de Kelsea ser um personagem forte, ela desenvolve um complexo de inferioridade. Principalmente em relação a imagem da mãe, que tinha o estereótipo da beleza perfeita. E aqui, meus caros, caímos em outra cilada. Quem é o pai de Kelsea? Isso é outro mistério que as 350 páginas não contam.
O que não faltou nesse livro foi treta. Tivemos alguns momentos de ação, mas 70% do livro é narrado, com parágrafos longos. Confesso que isso me dá preguiça. Principalmente, quando os capítulos também são longos. MAS, temos que dar um desconto pra tia, é um livro introdutório para uma trilogia. Muitos nomes, muitos personagens, muitos locais e alguns períodos relevantes. Traz algumas reflexões bem legais: num mundo pós-contemporâneo em colapso, se houvesse escassez de livros, e ensino básico não fosse prioridade, qual seria a sua reação?