Carol 29/05/2020
A angústia de Tolstói é palpável e atemporal, o interessante do livro é acompanhar a transformação e retrocesso nas situações da vida. A leitura é pesada em alguns momentos, onde o próprio escritor oscila em pensamentos suicidas e crises existenciais, tentando encontrar um sentido para sua vida. Trechos que me chamaram atenção:
"na época, eu apenas desconfiava e, como qualquer louco, apenas chamava todos os outros de loucos, menos a mim mesmo."
"Minha pergunta, aquela que, aos cinquenta anos de idade, me levou à beira do suicídio, era a mais simples que se abriga na alma de todos os homens, desde a criança tola até o velho sábio - uma pergunta sem a qual a vida é impossível, como eu estava comprovando, na prática. A pergunta consiste nisto: "O que vai ser daquilo que faço hoje, daquilo que vou fazer amanhã - o que vai ser de toda a minha vida?".
"Eu mesmo não sabia o que queria: tinha medo da vida, desejava me livrar dela e, no entanto, ainda esperava dela alguma coisa."
"A essência de qualquer fé consiste em que ela dá a vida um sentido que a morte não destrói."
"Minha vida parou. Eu podia respirar, comer, beber, dormir, porque não podia ficar sem respirar, sem comer, sem beber, sem dormir; mas não existia vida, porque não existiam desejos cuja satisfação eu considerasse razoável. Se eu desejava algo, sabia de antemão que, satisfizesse ou não meu desejo, aquilo não daria em nada."
Apesar de ser uma autobiografia o livro me prendeu e me trouxe reflexões profundas, me deu um nó na garganta em vários momentos... enfim, com certeza vou ler as outras obras do autor.