Os despossuídos

Os despossuídos Ursula K. Le Guin
Ursula K. Le Guin
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Resenhas - Os Despossuídos


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Jess | @jesslendo 14/02/2020

O livro mais difícil e questionador que já li
Eu não tenho certeza se vou conseguir especificar nessa resenha tudo o que senti e entendi lendo esse livro, mas juro que vou tentar. Essa é minha primeira experiência com a Úrsula, e mesmo indo preparada pois me falaram que seria difícil, eu confesso que não imaginava o tanto. Eu demorei dois meses para ler, marquei o livro todo, e gastei quase três bloquinhos de post it pois acabou a cor e eu fui alternando, rs. Não conseguia ler em qualquer horário, por que precisava de toda a minha atenção, e mesmo assim, ainda acho que deixei passar detalhes e que deveria ler mais uma vez.

Aqui teremos dois planetas gêmeos, Urras e Anarres, sendo Anarres na verdade a Lua de Urras. Em Urras as pessoas vivem no sistema capitalista, bem parecido com o nosso. Em Anarres, a lua de Urras, temos o anarquismo. Em algum momento, todos os humanos moraram em Urras, até que rolou uma rebelião anarquista e eles, literalmente, se mudaram para a Lua. Anarres então passou a ser um planeta autossuficiente e começou a criar a sua sociedade baseado no anarquismo e comunismo, e se afastou totalmente dos outros planetas, principalmente Urras.

Nós vamos acompanhar Shevek, um físico que mora em Anarres. A sociedade de Anarres é totalmente baseada na ajuda mutua e na não propriedade. Eles não entendem o conceito de dinheiro, venda, nem os conceitos de hierarquia. Todo mundo está no mesmo nível, e se ajuda da mesma forma. O trabalho não é nada parecido com o nosso, eles estão sempre revezando entre os postos, e todo mundo trabalha um pouco em cada coisa. É utópico, mas construído de forma tão redonda pela autora, que fica totalmente possível. Úrsula pensa em absolutamente tudo. E isso fica claro quando shevek vai para Urras.

Shevek tem uma formula que pode mudar as formas de comunicação entres os planetas, e acredita que o tempo não acontece de forma continua e sim de forma simultânea. Tudo acontece ao mesmo tempo, e ele quer compartilhar essa forma de comunicação e descobertas com o mundo. Porém Anarres se formou quando as pessoas começaram a acreditar que a forma de vida capitalista não fazia sentido, e por isso não querem nenhum contato com outros planetas depois da sua revolução, e acham que Shevek é um traidor. Fiel ao que acredita e sedento por compartilhar seu conhecimento e conversar com pessoas que entenderiam sua pesquisa, ele vai até Urras, e é impressionante e extremamente inteligente os questionamentos que ele tem e a forma como Úrsula pensa em tudo.

Ele fica chocado com a pobreza e a desigualdade, pois no planeta dele, eles acreditam que se for para passar fome, todos vão passar juntos. Eles comem em refeitórios, não existe sua própria comida, tudo é feito para todos e dividido. Quando tem filhos, eles não ficam com os pais, pois isso também é um conceito de proprietário, como eles falam, e não é incentivado. As crianças vão para dormitórios em uma determinada idade, e ficam com os pais algumas horas do dia, se os pais quiserem e estiverem nas proximidades. Como o trabalho é revezado, a qualquer momento você pode ser transferido para um lugar distante e não ver a criança durante anos. A mesma coisa que acontece com sua parceira, que você pode ficar sem ver, se não forem alocados na mesma região.

Em Urras isso obviamente não existe, mas tudo está indo de forma descontrolada para o abismo. Muito dinheiro, muita desigualdade, o consumo desenfreado do planeta, a total falta de empatia e ajuda das pessoas. Em Anarres não existem animais, assim como não existem muitas outras coisas, e eles são todos veganos. Comer carne em Urras, é uma coisa estranha e nada agradável para Shevek. E isso é apenas uma das questões que ele levanta. Existe a real necessidade dessa forma de consumo? Como isso afeta o planeta?

Outra coisa discrepante, é a forma como as mulheres são retratadas. Em Urras ela são extremamente sexualizadas e não fazem nenhuma atividade. Em Anarres, são iguais os homens, com direitos iguais, participantes de pesquisas e da comunidade.
Úrsula traz de forma intensa e detalhistas, questões que servem ao nosso tempo com perfeição. Elas nos fala sobre o consumo desenfreado, situação social, liberdade, propriedade. A crítica social permeia o livro todo, é de crítica social que ele é feito. Em duas linhas temporais, ela nos conta em detalhes em uma delas, como funciona Anarres e como Shekev, desde criança, cresceu para se tornar o físico questionador que iria para Urras no futuro. E na outra, o que essa viagem causou ao físico e os questionamentos que ele vai levar para a vida toda.

É um dos livros mais difíceis que já li, e mesmo que a autora tenha o dom de escrever de forma mais simples possível, ainda sim fiquei um pouco perturbada. Não só pelas coisas que pensei e anotei. Algumas explicações físicas aqui foram demais pra mim, e algumas filosofias me deixaram com a cabeça explodindo. Eu acho o capitalismo sim terrível, mas o comunismo estaria isento de erros? Tem uma passagem que Anarres enfrenta uma seca, e a comida chega a níveis alarmantes, a ponto de, pela primeira vez, eles cogitarem roubar de outras pessoas.

Eles vivem a pouco mais de cem anos nessa sociedade, e ainda existe muita coisa que pode destruir a estabilidade que eles tem. Sem nenhuma forma de hierarquia existe, eles vivem a liberdade em sua plenitude. Mas será que são livres realmente? Vivendo em sociedade, é possível a liberdade sem nenhum tipo de ordem hierárquica? Todos realmente vivem nesse sistema ou estão tão condicionados a ele, que não percebem a hierarquia subliminar que está em todos os casos? E você, como indivíduo, pode ter suas próprias coisas, ou isso é errado e vai contra o que somos desde o princípio: uma sociedade?

Eu sei que já escrevi mais do que qualquer outra resenha que já fiz aqui, mas ainda não falei nem o começo do que os despossuídos causou em mim. Se você gosta de ficção cientifica, e questionamentos enormes sobre seu papel na sociedade, liberdade e consumo, esse é o seu livro. Se gosta de ficar um pouco louco, e debater assuntos que permeiam nossa sociedade, sem dúvidas é o seu livro. Se puder ler com amigos, recomendo ainda mais, esse é um livro para ser discutido. E não leia com pressa, nem fique nervoso se sentir que as páginas não terminam e você não anda na narrativa. É para ler lento mais, e para ser lido com a atenção plena, mente aberta e nenhuma distração.


site: http://www.revelandosentimentos.com.br/2020/02/resenha-os-despossuidos.html
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ju 12/01/2022

primeiro livro do ano e desse gênero que leio, foi um ótimo início. quando comecei o livro estava com receio de ser uma leitura difícil de acompanhar, principalmente pela história não ser linear, mas não tive muita dificuldade

questões de gênero, posse e classes sociais são tratadas aqui de forma muito interessante, provável que uma segunda leitura vai tornar mais claros certos debates e diálogos, mas foi muito legal tudo que foi trazido aqui e ver certas coisas de maneira diferente

quero muito ler mais coisas dela!
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Livia1405 03/06/2020

Eu sabia o que esperar do livro, pois não tinha lido nada da autora antes, agora até título de shampoo que ela escreveu eu pretendo ler. Achei uma análise fantástica de como sistemas políticos refletem a cultura e sociedade.
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Aline 31/12/2020

Pra quem quer ser confrontado com outra organização social
Eu não sou super fã de ficção científica. No geral são livros com muita descrição e com o enredo lento, demora demais para a história engatar. E foi exatamente isso que aconteceu com esse livro.

A leitura da primeira metade do livro foi sofrida, mas eu insisti. Primeiro, porque eu já tinha lido outra obra da Ursula Le Guin (A mão esquerda da escuridão) e tinha gostado bastante. Segundo, porque este livro me foi recomendado por muita gente, então eu sabia que seria bom. E foi mesmo.

A história se passa no futuro, em dois lugares: no planeta Urras e na sua lua Anarres. Os moradores de Anarres são revolucionários que fugiram de Urras há quase 2 séculos e colonizaram esta lua que é um ambiente hostil e quase sem vida, onde não foi possível nem criar animais e a agricultura exige muito trabalho coletivo. Lá, fundaram uma sociedade anarco-comunista sem Estado, sem chefes, sem hierarquia, sem classes sociais, sem opressões, sem dinheiro, sem desigualdade. Ao menos, esse era o plano inicial.

O livro começa quando Shevek, um físico de Anarres, decide ir para Urras para compartilhar com outros países sua descoberta que poderia revolucionar a comunicação entreplanetária. Encontra neste planeta um mundo totalmente diferente do seu. Ganha um quarto individual e roupas novas, depara-se com uma vida de luxo, tem um funcionário que limpa seu quarto e lhe serve café da manhã todo dia. Mas também encontra um país onde mulheres não são aceitas nas universidades, são extremamente sexualizadas, onde tudo se resolve na base da guerra e da violência e o desemprego é imenso.

Como estou com medo de dar algum spoiler, vou parar o resumo por aqui rs. Este é um livro que nos faz questionar nossa organização social e nossa visão de liberdade. No final, há um trecho em que uma ?terrana? relata o que aconteceu com o planeta Terra nas últimas décadas. E isso não é spoiler pra ninguém: destruímos o meio ambiente e a vida, aqui, se tornou insustentável e impossível.

Não é um livro fácil de ler, exige esforço e dedicação, mas vale a pena se você quiser ser confrontado/a com uma outra possibilidade de organização social.

?Mas as ideias em minha cabeça não são as únicas importantes para mim. Minha sociedade também é uma ideia. Fui formado por ela. Uma ideia de liberdade, de mudança, de solidariedade humana, uma ideia importante.? (p. 338)
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Felibalex 22/12/2022

Uma grande crítica social
A autora apresenta uma obra prima que traz conceitos muito importantes para os dias atuais, como a propriedade. De maneira maestral a distopia/utopia retratada navega entre presente e passado para conquistar os leitores com uma viagem entre duas realidades são similares mas tão diferentes. Talvez as lacunas deixadas na estória sejam intencionais, mas senti falta de um aprofundamento maior em algumas passagens. De todo modo, um ótimo livro.
André 22/12/2022minha estante
Esse foi o primeiro livro dela que li e até agora o único. Eu amei, li na época da faculdade. Estou com um outro dela aqui pra ler: A mão esquerda da escuridão.


Felibalex 23/12/2022minha estante
Eu andava bem ansioso com ele. Escolhi para ser a minha leitura de número 50 no ano, por ter sido indicação de uma pessoa importante, e uauuuu. Fez todo o sentido. Andei pesquisando sobre "a mão esquerda da escuridão" e já está na minha lista. Adorei que se passa no mesmo universo de "os despossuidos".




jotaefesanchez 31/12/2021

Vencedor dos maiores prêmios de ficção científica na época de seu lançamento, esta obra se encaixa perfeitamente no estilo de histórias apresentadas no que é chamado de "Ciclo de Hainish" (ou "Ciclo Hainiano").
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Enquanto lia este livro, não pude deixar de traçar diversos paralelos com "A Mão Esquerda da Escuridão", uma vez que em ambas obras existe a observação e crítica a sistemas políticos e econômicos através da visão de um forasteiro que não se enquadra (e muitas vezes não entende) aqueles padrões impostos na sociedade.
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"Os Despossuídos" apresenta um estilo de narrativa bastante lento e cadenciado, alternando longos capítulos entre o presente e o passado do protagonista. Isso pode tornar a leitura um pouco mais pesada e cansativa para quem esteja à beira de uma ressaca (quase aconteceu comigo).
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Algo muito interessante na análise crítica que o protagonista desenvolve a respeito dos sistemas políticos e econômicos dos planetas e nações, é o fato de que nenhum dele é apresentado apenas com aspectos positivos ou negativos. Todos parecem ter seus prós e contras. Mesmo o anarquismo de Anarres, apresenta desvantagens críticas em relação ao capitalismo massacrante da principal nação de Urras.
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É uma obra reflexiva e profunda. Muito interessante e atual, inclusive do ponto de vista das discussões sobre inclusão e representatividade (principalmente feminina).
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Matheus656 05/01/2023

A alguns anos atrás tentei ler Os despossuídos mas não passei das primeira páginas. Achei monótono. Hoje percebo que tomei a decisão mais acertada possível na época. Se trata de um livro complexo, que trata de assuntos absolutamente necessários. Anarquismo, capitalismo e socialismo se confrontam ao poder da agência e do devir em sociedades completamente distintas, mas que moralmente travam batalhas muito similares. Afinal, onde se encerra e onde se começa o direito individual e sobre o outro?
Ursula reflete sobre todos esses assuntos numa leitura densa e não linear. Envolve física e astronomia, mas acima de tudo trata do desejo.
E nesse turbilhão de assuntos macro que prevalecem numa sociedade multiplanetaria, é ainda o micro que move as pessoas. É a aprovação acadêmica, é a família, a amizade e a desavença.
Em todas as suas obras Ursula parece tratar do ser humano como esse personagem cinza e protagonista da sua própria existência. Nem bom, nem mal, aqui não há maniqueísmos. Há apenas a contemplação a vida.
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Ruan Lipe 18/03/2023

Denso, bonito e esperançoso.
Admiro a habilidade da Ursula de proporcionar uma ficção científica que aborda sistemas políticos, debates utópicos, crítica ao capitalismo e reflexões sobre a organização social enquanto desenvolve de forma sensível um personagem que embarca rumo à um novo mundo.
Shevek nos leva a uma jornada da beleza ao absurdo de um universo que pelo seu Princípio da Simultaneadade, já estamos inseridos.
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Loiza 03/10/2023

Livro maravilhoso e único. Realmente uma obra que transcende o gênero e provoca debates.

Pena que o final ficou corrido, gostaria de mais páginas.
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Karol 24/01/2021

Inspirador
É lento no início e exige muita atenção para que o leitor não se perca nas linhas do tempo que são retratadas na história (eu tive dificuldade). As reflexões de estrangeiro trazidas por Shev a Urras fazem refletir a sociedade em que vivemos e, às vezes, podem ser muito tristes ou inspiradoras, de acordo com o que se passa na história. É ficção científica raiz, se você gosta do tema, com certeza não se arrependerá.
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Diego55 15/06/2021

Possuído pelo livro!
Essa é uma daquelas raras obras que conseguem prender o leitor do início ao fim.
A autora fundamenta a história tendo como base uma forte crítica social, trazendo como principal tema as diferenças e conflitos entre dois planetas vizinhos, um capitalista e outro comunista. Utilizando esse "embate" como núcleo, a autora conta a história do físico Shevek, e a desenvolve de forma incrivelmente inteligente.
O resultado é um premiado clássico da ficção científica!
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Herly 23/05/2021

Eu leria uma saga de 20 livros dessa história!
É impossível fazer uma resenha que faça jus a este livro, então: Leiam!
Ursula nos introduz a este universo distópico através do Shevek, nosso personagem principal. Ele é um físico do planeta Anarres que busca estabelecer relações diplomáticas e compartilhar conhecimentos com Urrás, e para isto, faz uma viagem para este outro planeta. O importante de entender aqui é que Anarres é formado por pessoas que vieram de Urrás após uma revolução anarquista, portanto existe um paralelo direto entre o nosso mundo capitalista e a sociedade de Urrás.
A partir desta premissa, o livro desenvolve diversas reflexões sobre o modo como vivemos, nos comportamos, pensamos a sociedade, o trabalho. a produção de conhecimento e diversos outros temas, é espetacular. Minha única reclamação deste livro é que a autora passa muito tempo ambientando os mundos, o que é maravilhoso, mas para mim o enredo do presente do livro ficou um pouco de lado e no clímax, eu fiquei esperando muito mais. No entanto, isto não diminui a maestria com que Ursula conduz esta história e eu leria muito mais livros sobre essa história se ela tivesse escrito. Recomendado demais!
Evvy 23/05/2021minha estante
mentira q vc n quer ler nem as trilogia


Herly 23/05/2021minha estante
kkkkkk mas dessa eu lia




Ethi 29/07/2020

Bom!
O livro é bem interessante, super interior e filosófico ^^ Aborda temas existenciais e sociais falando sobre uma distopia utópica, ou seja, um mundo em que pode ser um paraíso para alguns leitores ou um inferno para outros. Conceito super interessante que foi abordado de forma linda aqui!
Recomendo para qualquer um, ao menos que você não curta física e/ou não goste de enredos mais lentos e cotidianos, aí talvez o livro possa não ser muito a sua praia

site: https://www.instagram.com/ethi.th/
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Enzo 18/12/2022

É possível uma sociedade realmente igual?
Centenas de anos atrás, um grupo de anarquistas se isolou no planeta de Anarres para viver uma sociedade sem poder, sem posse, sem desigualdade. Hoje, um deles quer voltar ao planeta irmão de Urras, em que há belas paisagens e hierarquias. Desenvolve-se uma história que reflete sobre vida em sociedade, indivíduo versus comunidade, sofrimento e dor, existência humana.
Ursula apresenta a nós uma possibilidade de futuro melhor. Não é uma utopia, a dor e o sofrimento da vida não permitem a existência de utopias. Mas ela dá a esperança de que nós somos melhores do que imaginamos que somos, de que podemos viver plenamente, como parte do Universo, não tentando ser donos Dele.
Os Despossuídos é um livro genial. Quero conhecer mais da obra da Ursula depois dessa introdução.
magickarp 18/12/2022minha estante
Estou terminando de ler "a mão esquerda da escuridão" e fui pega de surpresa positivamente! Logo leio "os despossuídos".
É o meu primeiro contato com a autora e estou gostando muito.




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