Marcelle Reis 12/01/2023
É possível fugir do destino para nós traçado?
Desde pequena, Ponciá é comparada ao avô, que sofreu de ausências no fim da vida. Mas o que será que causara esse estado em seu avô? Como não se ausentar de uma existência tão sofrida, miserável, injusta e sem quaisquer perspectivas?
Todos diziam que o avô tinha deixando uma herança para ela, mas nunca soube muito bem do que se tratava.
Ponciá era uma artista distinta, tinha uma relação ancestral e especial com o barro, assim como a mãe, produzia peças únicas. Ao perder o pai, a quem muito admirava, decide sair das terras em que vivia, mas não lhe pertencia, e partiu para a cidade em busca de uma existência distinta daquela, deixando a mãe e o irmão, que não saíram de seu pensamento. Foi trabalhar em casa de família, sonhando em ter seu próprio barraco, um lugar para existir, sem nunca esquecer daqueles que deixara. Acaba se casando, e a partir daí, as ausências com as quais sempre lidara, passam a ser mais frequentes, assim como a saudade da família que lhe restara. Qual seria então sua herança?
Leitura fluída, cativante e triste, mas que retrata a vida de tantas e tantos.
Meu primeiro contato com uma literatura negro-brasileira, através da qual pude identificar a história de meu pai, avós e demais ancestrais e reconhecer suas histórias.