Diane 31/05/2023Sobre a luta diária em ser mulherRahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à escola, já que vivem em meio ao governo opressor do Talibã. Filha de um viciado em ópio, a única esperança da jovem é o antigo costume afegão do bascha posh, que permite que ela se vista como um garoto até que chegue à puberdade, no período de se casar. Vestida como menino, Rahima pode experimentar uma liberdade antes inimaginável, podendo frequentar a escola, ir ao mercado e até mesmo sustentar a casa. Só que ela não é a primeira mulher da família a adotar esse costume, pois sua trisavó Shekiba, teve que encontrar um meio de sobreviver após ficar órfã devido a uma epidemia de cólera.
"Ás vezes, porém, é preciso desafiar as convenções, suponho. Ás vezes, é preciso se arriscar quando se deseja muito alguma coisa."
Rahima e Shekiba são duas mulheres separadas pelo tempo, mas que tem em comum a coragem de buscar viver seus sonhos e controlar seus destinos em um mundo extremamente machista. Uma leitura bem comovente sobre a saga de ambas, mas me apeguei bem mais a trama da Rahima, e senti com ela suas dores e dificuldades, simplesmente pelo fato de ser mulher. Como dói e revolta saber que em alguns países, em pleno século XXI, ainda somos taxadas como objetos de procriação, totalmente dependentes de casamentos infelizes e sem acesso a liberdade. É uma bela história sobre o desafio de ser mulher, de lutar diariamente pelos nossos direitos.