Korechilles 26/12/2022
Solitário
Essa HQ conta a história de um homem que vive isolado em um farol. Ele nasceu ali, e nunca saiu desde então. Por culpa de seus cruéis pais que deram esse destino a ele em razão de uma deformidade que sofre no rosto. Dois marinheiros são encarregados de darem comida a ele uma vez por semana, e o marujo novato começa a questionar a história do homem do farol.
Quem é ele? Ele é feliz? Ele sente vontade de conhecer o mundo? Por que escolheu a solidão?
O livro tem pouquíssimos diálogos e não sabemos o nome de nenhum dos personagens. É um livro muito reflexivo e contemplativo, do tipo que cada vez que você lê percebe algo diferente. Ele fala sobre solidão, sobre egoísmo, sobre imaginação, sobre se sentir aprisionado em uma rotina (pensei muito na minha própria vida enquanto lia), e no poder transformador da literatura. O Sozinho, como chamam o homem do farol, aprende sobre o mundo a partir de sua imaginação e um dicionário velho. Responsável por várias cenas tristes, como ele vendo o significado de monstro e associando a si próprio, como quando ele descobre sobre o Aladin e tenta mexer nas lâmpadas de sua casa na esperança de que apareça um gênio para realizar seus desejos, quando ele descobre o que é uma prisão e vê que aquilo é sua realidade.
Eu sempre fui alguém que gostou de ficar só, mas uma solidão tão enorme parece o pior dos castigos, não ter ninguém com quem contar, não ser livre para sair para onde bem entender. Adorei que antes de se libertar, ele libertou o peixe. Mesmo sendo alguém que nunca lhe foi ensinado nada, o Sozinho tem uma empatia e um coração gigante.
Uma HQ surpreendente, de uma forma muito positiva, é incrível e o final é maravilhoso. Recomendo bastante e acho que um dia lerei mais alguma coisa desse autor.