@blogleiturasdiarias 28/12/2018Resenha | O Último dos MagosAdoro quando livros não planejados me surpreendem por ter aquilo que espero encontrar em todos as obras do gênero: algo maravilhoso. O Último dos Magos é um livro desejado desde seu lançamento, e só agora tive a oportunidade de lê-lo. Após terminar fiquei me perguntando porque não li antes.
Na Nova York dos dias atuais, a magia antiga e natural está quase extinta. Os poucos que ainda têm afinidade com ela – os Mageus – vivem nas sombras, escondendo o que são. Além disso, qualquer Mageus que adentre Manhattan é capturado por uma armadilha: a Beira, uma barreira invisível que os deixa permanentemente presos à ilha. Atravessar a fronteira estabelecida pela Beira significa perder os poderes – e, frequentemente, a própria vida. A jovem Esta é uma ladra talentosa e cresceu sendo treinada para roubar artefatos mágicos da Ordem, organização misteriosa criadora da Beira. Esta também tem uma habilidade inata: manipular o tempo. A jovem é capaz de furtar objetos do passado, coletando-os antes mesmo que a Ordem perceba que ela está lá.
Mas todo o treinamento de Esta tem sido para uma tarefa maior: viajar até o ano de 1902 para roubar um livro antigo. Acredita-se que o Livro contém todos os segredos da Ordem – e da Beira. A missão de Esta é furtá-lo antes que o Mago o destrua, garantindo assim um futuro melhor a todos os que têm afinidade com magia. Mas a Nova York do início do século XX em que Esta deve mergulhar é perigosa e sem leis, comandada por gangues e sociedades secretas. Um lugar em que é possível sentir magia até no ar que se respira. Nada é o que parece, nem mesmo o Mago, para salvar o próprio futuro, Esta deve trair a todos no passado – sem exceção.
Sempre que pressenti que O Último dos Magos seria ou algo que me encantaria instantaneamente ou algo que detestaria. Tenho um grande apego por temáticas que envolvem magia misturado à viagem no tempo, e este enredo, felizmente, trouxe a fórmula perfeita que me conquistou. E não somente. Com boa parte do desenvolvimento sendo de época — estamos falando de acontecimentos em 1902 — fiquei fascinada por toda esta junção, que funcionou de forma sensacional.
"Porque a magia não está nos elementos. A magia vive nos espaços, nos vazios, entre todas as coisas, conectando-as. Está ali, à espera daqueles que sabem encontrá-la, daqueles que têm a habilidade nata de entender essas conexões: os Mageus. Daqueles como Esta." pág. 26
Por mais que tenhamos noção do que se trata a história pela sinopse, boa parte do conteúdo é lido de forma obscura. Lisa Maxwell só revela suas finalidades a medida que a leitura anda, sendo simplesmente fantástico. Temos reviravoltas pontuais que poderiam colocar tudo a perder, porém a evolução das situações é de tirar o fôlego. Acredito que tenha uma introdução considerada lenta em relação a outras obras, entretanto se faz necessário para o contexto posterior a ser revelado.
A autora brinca com mistérios e revelações que nos choca, acredite, pois é seu maior recurso durante a narrativa. A expectativa de descobrir o passo seguinte, e os segredos que cada personagem tem, nos dá a curiosidade suficiente para ir em frente. E falando nos personagens, que leque maravilhoso ela construiu. Esta é a protagonista feminina principal, que irrita em algumas atitudes, contudo no todo é convincente — e até gera uma ligação com nós leitores. Veremos outros personagens importantes aparecendo — Harte, Jianyu, Dolph, Nibs, Viola entre outros — e trago a dica de atentar-se ao grupo. Um dos grandes plot twist, se não o maior, sairá justamente deste meio.
Sobre o universo criado, todos as explicações necessárias para nosso entendimento estão presentes. Confesso que foi onde ocorreu minha maior surpresa. Leio diversos exemplares sobre o elemento magia, e fiquei feliz em ver mais uma vertente diferenciada sobre o assunto. A construção sobre Mageus, o que é a Beira, como funciona a magia, a repressão contra ela é bem fundamentada e nos dá a segurança para o entendimento deste mundo. Gostei demais!
E sobre os pontos cruciais e o final, tenham grandes expectativas. Tinha minhas desconfianças de determinadas cenas e pessoas, e apesar disso a forma como tudo realmente é me chocou. Não surpreendeu somente, literalmente me deixou de boca aberta. Nem nos meus melhores sonhos esperava que o desdobramento seria da forma como aconteceu, me deixando animadíssima em querer saber mais. Claro que tem continuação, e as cenas finais são aquelas que dão solução para um problema, deixando aberto e embaralhado o cerne principal.
"A magia é assim. Seja natural — como as dos Mageus — ou corrompida — como o poder que a Ordem conseguia exercer. Os semelhantes se atraem. A magia, seja qual for a forma, pode tentar os fracos com promessas de poder." pág. 306
De uma maneira geral, recheado de reviravoltas e surpresas ao longo da leitura, as quase 600 páginas são fascinantes. Realmente não esperava uma qualidade tão alta e um trabalho tão primoroso como o qual encontrei. Saio querendo conhecer mais e com grandes expectativas para o sucessor. Recomendado!
Na parte física, AMO esta edição. Adorei a capa, adorei o título, a diagramação interna, o mapa que é maravilhoso, a divisão em partes, ou seja, serei suspeita para falar. A Plataforma 21 vem fazendo um belo trabalho nas edições, e com esta não foi diferente. Só pecaram em relação ao erros de revisão e ortográficos. Nada gritante, todavia incomoda aos mais sensíveis. A narrativa é feita em terceira pessoa por vários pontos de vistas.
Sim, estou desejando muito o sucessor que saiu por agora na gringa, e deve chegar no Brasil ano que vem. Tenho altas expectativas como disse do que pode vir, e estou cheia de teorias do que pode acontecer. Espero que tenham gostado!
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